segunda-feira, 29 de setembro de 2014

a Jigsaw - “No True Magic” (Edição de Autor)


















A primeira impressão que se tem ao escutar o novo registo dos a Jigsaw é a de que ele contem dentro mais um punhado de temas que não couberam no anterior “Drunken Sailors & Happy Pirates”. “No True Magic” é assim uma aposta na continuação.
Depois de muitas mutações na carreira e na formação, a banda tem agora dois cérebros pensantes e atuantes. O de João Rui e o de Jorri. Dois seres que vivem intensamente aquilo que fazem. Daí que chegados a este ponto, os a Jigsaw tenham definitivamente encontrado o seu caminho e a forma de o calcorrear. Têm um vasto leque de admiradores, que já sabem o que esperar deles.
Mas apesar de manterem um estilo, que busca na folk e no blues, as vitaminas certas para viver, a cada registo a banda cria discos que vão muito além da música. São obras conceptuais, muito pensadas e refletidas.
Novamente enraizados na literatura, os a Jigsaw falam-nos agora da “imortalidade” – ou, mais concretamente, da “suspensão da mortalidade”, por via do conceito de “willing suspension of disbelief” (algo como “suspensão voluntária da incredulidade”), proposto pelo poeta e filósofo inglês Samuel Taylor Coleridge em 1817. Ou seja, na abordagem a uma obra literária, o leitor pode suspender o julgamento da implausibilidade da narrativa, de modo a melhor desfrutar dela.
Musicalmente, os a Jigsaw, por via essencialmente da voz única de João Rui, oferecem-nos um punhado de temas lânguidos, onde as canções ganham cores pardacentas.
De entre várias colaborações destaque para a voz de Carla Torgerson dos Walkabouts, no tema single denominado ”Black Jewelled Moon“, no qual participa Susana Ribeiro no violino, que aparece a tocar glockenspiel na faixa “Tides Of Winter”. Susana Ribeiro já foi uma das almas dos a Jigsaw, e está ainda tão presente, que cada vez que participa com o grupo eleva os temas a um outro patamar.
Sem perderem o fio à meada, em “No True”Magic“, os a Jigsaw, brindam-nos com uma mão cheia de excelentes temas. A banda criou o seu espaço, conquistou o seu público, descobriu o mundo e tem nas mão a formula certa para criar obras de arte.
Ficamos agora com uma certeza pura e dura: será muito difícil, num futuro próximo, a banda conseguir escapar deste enredo. Mas nada é impossível. Para já estão muito bem assim e recomendam-se!

Nuno Ávila

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