segunda-feira, 18 de maio de 2015

André Barros -” Soundtracks Vol. 1” (Omnichord Records)



















Apesar de este ser o terceiro registo do compositor André Barros, para a maioria dos comuns este é um nome que ainda diz pouco. Infelizmente! Mas se passarmos para lá deste rectângulo à beira mar plantado, o nome de André Barros é já bastante aclamado, essencialmente como compositor de bandas sonoras. André tem deixado a sua marca em trabalhos vindos de países como os Estados Unidos, Japão, Índia, Alemanha, Islândia e Espanha.
Para que conste, neste registo estão os temas do filme "Our Father", de Linda Palmer, que lhe renderam um galardão para melhor banda sonora no Los Angeles Independent Film Festival Awards e que, depois de ter alcançado boas críticas e alguns prémios em vários festivais, chega agora à edição de 2015 do Festival de Cannes.
Tendo como grande inspirador Yann Tiersen, André começou por explorar o mundo de música minimalista e clássico-contemporânea. Mas foi o curso de produção e criação musical tirado na na ETIC (Escola Técnica de Imagem e Comunicação), e depois a sua passagem, enquanto assistente de engenheiro de som, durante três meses no estúdio Sundlaugin, em Álafoss, Islândia, onde contactou com inúmeros projectos musicais, que lhe deram o traquejo para se tornar no musico de excelência que hoje é.
Como o nome indica, este é um registo crivado de temas feitos essencialmente para curtas metragens e documentários. Excepção feita aos temas “Gambiarras”, que parte de um escrito de Valter Hugo Mãe lido pelo próprio e ”Flowers On Your Skin”, este ultimo criado para a performance de dança contemporânea “Short Street Stories”.
Neste registo todos os temas são da autoria de André Barros, sendo que apenas “Between Waves”, não lhe pertence. Este tema de Yuchiro Nakano tem aqui um arranjo seu e foi usado no curta com o mesmo nome realizada precisamente pelo autor da composição.
André Barros, mostra mais uma vez ser um exímio compositor e arranjador, tanto ao nível do piano como das cordas que o acompanham ao longo dos temas (violoncelo, guitarra e violino).
Este registo tem o prodígio de nos deixar com uma grande paz de espírito interior. É um disco contemplativo, feito de belas paisagens sonoras. Pelo facto de serem temas, maioritariamente criados para imagens, mesmo não as vendo, somos levados a imaginar cenários. A música de André Barros tem esse poder.
Sons de pianos, casam-se com cordas e entrelaçam-se no nosso corpo. André Barros especializou-se como criador de contos em forma de notas musicais. Trabalha cada composição como se estivesse a esculpir um diamante. Podemos afirmar mesmo que está ao nível de alguns celebres escritores de bandas sonoras.
Só é pena que Portugal ainda não o tenha descoberto como deve ser e que as suas melodias não sejam usadas naquilo que por cá se vai criando. Mas felizmente que ainda vamos a tempo de reverter esta situação. André Barros bem o merece!

Nuno Ávila

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