sábado, 16 de outubro de 2021

VITOR JOAQUIM LANÇA QUIETUDE






















Na sequência do meu ultimo cd, The Construction of Time lançado em 2020, tempo de pandemia, chegou o momento de mais um novo disco de estúdio, edição de autor (pois!), igualmente em formato Digipak, à venda a partir de 15 de Outubro no Bandcamp: https://vitorjoaquim.bandcamp.com/album/quietude

O disco assinala também a consolidação de uma nova fase criativa com o João Silva, e a sua maravilhosa mestria no trompete. A que há a acrescentar as maravilhosas colaborações de Carolina Martins na cover art e do Carlos Santos na cover design. Por fim, mas não menos importante, um agradecimento muito especial ao Gustavo Monteiro da Sekoia pelo convite à criação em residência na Casa do Paço.

* o formato físico deverá estar disponível na ultima semana de Outubro

Quietude, a peça que agora ganha a forma física de um CD, começou por ser uma comissão com curadoria da Sekoia Artes Performativas para uma performance musical. A proposta da Sekóia era simples: criar uma peça a partir de uma estadia prolongada na Casa do Paço em Vila Meã, espaço que serviu de inspiração a Agustina Bessa-Luís em diversas ficções literárias e à volta da qual gira parte da história familiar contada no livro A Sibila (1954).

Tal como em tantas outras coisas, a sua concretização já deveria ter acontecido, não fosse a pandemia. Mais uma vez, e de forma recorrente, o tempo lembra-nos que o tempo passa. Após um primeiro adiamento, e na impossibilidade de se conseguir uma certeza para a produção de um evento global do projecto, em que se incluem outros artistas, a produção de um álbum nasceu como uma inevitabilidade: era preciso avançar e fechar o ciclo resultante da experiência vivida no espaço, combinada com a vivência da obra de Agustina.

Respirar naquele lugar, viver e dormir naquela casa, andar por aqueles caminhos, apreciar a forma como a vida progride por aquele vale, e de forma serpenteada escutar a calma do tanque qual “piscina olímpica”.
Sentir a magia do chilrear dos pássaros logo pela manhã e mais tarde as rolas, ou os cucos ou até o badalar do sino da igreja ao longe. E respirar, simplesmente.

Tais foram os “passatempos” que acabaram por se tornar uma ocupação a tempo inteiro durante a residência.

Quietude, é assim, e antes de mais, uma imensa paragem no tempo num lugar onde a ficção escrita por Agustina nos obriga a olhar para as coisas da natureza de uma forma muito especial, uma forma em que a imaginação do que terá sido a sua presença no lugar se confunde com as imagens que podemos fazer dos personagens a viver naquele mesmo lugar. É um triplo estar: o estar da Agustina, o estar das suas personagens e o nosso próprio estar que é ao mesmo tempo uma tripla ficção em si mesmo. Já nem nós somos o que somos.

De muito pensar, e pela primeira, resolvi ter um título e o nome de todos os temas em português.

Talvez porque só mesmo um português pode compreender o verdadeiro sentido de cada uma destas palavras? Ou talvez não, talvez seja apenas uma forma de usar as palavras e as imagens de Agustina.

“Aprender muitas coisas não importa, porque, ao fim e ao cabo, em toda a parte há sete cores e sete ventos, e o homem é só um"
- Agustina Bessa-Luis, A Sibila (1954)

Vitor Joaquim

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