quinta-feira, 14 de novembro de 2024

NOVA EDIÇÃO DA ANT-DEMOS-CRACIA



















Posto de escuta / aquisição do CD / download gratuito:
https://anti-demos-cracia.bandcamp.com/album/a-procura


Edição: ANTI-DEMOS-CRACIA
Formato: CD Digisleeve + Booklet de 24 páginas
Data de lançamento: 11.11.2024, às 11H:11M.
Grafismo: Carlos Paes
Fotografias: João Santos
Texto: Miguel Leonardo

A busca, a pesquisa, poderá talvez se dizer a caça pela criação, a curiosidade pelo estetizante, ou talvez o aprazível, ou a enorme tempestade, um mar eterno, o oceano, e que tal a praia onde percebemos que ainda existe vida? – Ali onde procuramos o nobre, o deleito, o perfeito que ainda é quase utopia, o certo, ou o mal, talvez o poema que ataca com arte, o ato generoso como distinto na nossa sociedade, o prazer que não é ameno mas sim um copo de vinho quase cheio, e depois a valsa onde se dança a música. – Sim estou a falar de “A Procura” de JH LAB ou mesmo o que procuraram os seus dedos entre as mãos fúnebres maliciosas como algo cómodo para os nossos ouvidos a sua voz, e um pulmão que aguentou suster respiração para um cantar português, esse grita Portugal, e soltando lágrimas de alegria, suspira depois, e se mantém. O lance de um ato verdadeiramente alto num cais perto de nós soltando o amor a uma Portugália inocente, ouvindo a mocidade chegar e talvez atacada pela emoção da pobreza, onde a expressão de um poema é a maior arma do artista. Eis o álbum que me surpreendeu.

Toda a vivacidade de uma edição de ANTI-DEMOS-CRACIA que conhece bem a alternatividade de JH LAB e de todas bandas que António Caeiro edita, e editou faz anos e anos. Estamos a falar desde 1988.

Neste álbum existe uma voz que arrepia a humanidade, sendo o segundo álbum do artista, e por ser o que está logo depois do primeiro, tal como Platão foi depois de Sócrates, iremos encontrar as chegadas das luzes de um altar onde José Henrique Almeida (JH LAB) nos canta as canções mais belas perto do abismo ou não, ou um país que quer viver a eufórica sensação de uma queda ao embuste sensacional, tal como a cultura nunca viveu antes um álbum de um homem generoso. É aqui que podemos chorar, e talvez rir, ou mesmo cantar com José, e sorrir até mesmo dizendo somos livres e merecemos dançar. Pode estar aqui a libertação de várias composições que JH LAB procurou, porque foi nessa procura onde se fechou do mundo, e cantou para o seu país.

Sabem… a arte depois de ser entregue ao público, deixa de ser do artista, apesar de ficar assinada pelo mesmo, ela pertence ao público e, é ele que a deve divulgar, ou adquirir. Ainda assim o público tem o dever de se entregar às emoções deste álbum magnânimo, pois é completamente impossível não dançar ou cantar com ele. São dez músicas que José interpreta, canta e ainda se deixa levar na escrita para nos entregar esse leve suar de um mundo pronto para ele, e para a sua arte. A primeira música do álbum é “Porto Santo”, depois “Silver Jet” (cover de Raindogs), “De volta aos teus braços”, “A tua luz”, “A barca”, “A Porta do Sol” (cover de Sétima Legião), “E depois do adeus” (letra de José Niza, música de José Calvário), “A esperança”, “O fardo” (baseado no tema “2h22m22s” do dueto “Herr G meets Fuel2Fight”, e de um texto (poema) de António Leonardo), e a última “Amazónia”.

Esta obra-mestra onde JH LAB trabalhou com o fotógrafo João Santos, para a maravilhosa, ou entendida talvez do latim distendo, o mesmo que estirar, retesar ou causar tensão violenta. – Pergunto eu: onde se encontra a violência neste álbum? – Em lado nenhum, e sim uma paz enorme que nos leva para a edição gráfica realizada por Carlos Paes, apesar disso os músicos que trabalharam com JHA para a realização do álbum foram: Carlos Paes – baixo; Frederico Pais – guitarra; João Proença – guitarra; Fernando Guiomar – guitarra clássica; Hugo Claro – guitarra portuguesa; Al Soares – violoncelo; Pedro Lourenço – bateria; Alexandre Gonçalves – guitarra; Alexandra Almeida – voz; Sandra Rute Albuquerque – voz; Paulo de Mendonça – voz; Joana Chumbo – voz.

Tal como dizem alguns dos sábios, porque morremos todos ignorantes em certos aspetos, ideias, ou mesmo em matérias. O que é uma obra-prima? – Será o primoroso, é para mim a melhor obra do artista (“A Procura”), depois de ter publicado o seu primeiro álbum “Momentos”, realizado durante uma pandemia que tanto nos ajudou a perceber a solidão. É nesse espaço que se entende José Henrique Almeida, a poesia que paira nas músicas completando-as, onde as andorinhas regressam na primavera. É nessa magia utópica que as palavras semeiam ansiedade lusitânica de se apresentar como um verdadeiro artista se declara à sua arte. Ele (JH LAB) é o diagnóstico de um homem à P-R-O-C-U-R-A de sonoridades exóticas, portuguesas, melancólicas, genuínas e cativantes, ao encontrar-se nas letras as cruzes do seu passado, e as prosas do seu presente.

Já os passos percorrem as mesas, ouvem-se também nos quartos onde os distintos adormecem, e nessas melodias maravilhosas que cantam os vizinhos da Rua da Busca, tal como existe uma fome de procurar que nos arrepia. Como os arranjos dos velhos deuses gregos que ainda cantam alto nos nossos ouvidos.

Este é o álbum mais arrepiante e importante do ano 2024.

Se não o procurarem, talvez ele se procure por vocês, ou irão ser procurados por ele. A data da edição será dia 11 de novembro pelas 11:11, de 2024.

Procurem-no.

Texto incluído no booklet de autoria de Miguel Leonardo

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