E nós, Inóspita? foi editado 23 de setembro e tem sido muito bem recebido pela crítica e pelo público.
"Ao contrário do que o nome indica, esta é uma música calorosa, um beijo na face dado por seis cordas." , "Estaremos perante o maior dos paradoxos da música emergente portuguesa?" e "A música de Inóspita obriga a parar, sentir, abraçar" escreve o Paulo André Cecílio para a Blitz
E nós, Inóspita?, a segunda viagem solitária de Inóspita com a sua telecaster, uns quantos pedais e ainda uns quantos truques na manga por revelar, pretende evocar o conhecimento através de diferentes pessoas na sua vida que a enriquecem com as suas visões e devaneios e que permitem chegar a um fim do dia inevitavelmente sozinha mas, de alguma forma, um pouco menos só.
O álbum vai ser apresentado no Lux a 23 de janeiro de 2025 às 21h e os bilhetes estão à venda na ticketline e locais habituais. Para esta celebração Inóspita convidou Ana Lua Caiano que irá juntar-se em palco e Inês Aires para criar as imagens que vão envolver o palco.
Pelas palavras da artista:
"Após 4 meses de espera para tocar o meu segundo álbum e, ainda por cima, num sítio tão emblemático como o Lux, surge a possibilidade de pensar um novo espetáculo.
Nos primeiros concertos que dei, chegou a acontecer convidar amigos para cantarem uma música comigo e, algures em março de 2022 fui tocar ao café dias (em Alcântara) e convidei a Lua para também fazer um pequeno set. No final juntámo-nos e tocámos algumas músicas juntas. Foi muito bonito! Desde então a Lua tem feito um trabalho incrível como artista solo. Queria convidar alguém que seguisse esse formato. Solo. Mais especificamente o one woman show. E felizmente aceitou!
Para me acompanhar em toda esta viagem, com outro tipo de arte, terei as projeções da Inês Aires que, entre outros trabalhos de animação e direção de arte, ficou encarregue da parte visual da performance do João Borsch no Festival da Canção onde tive a possibilidade de a ver a trabalhar com muito carinho nesse projeto. A Inês ajudou-me a desenvolver, com muita paciência, o imagético para este que será o espectáculo de apresentação da meu segundo disco através do uso de mixed media.
Para além de convidada e projeções, a música estará em primeiro plano (umas mais parecidas com o disco, outras com um twist) e mal posso esperar por tocar estas novas canções não cantadas ao vivo."
Alinhamento do novo disco:
De trocadilho fonético feito, o álbum começa com Inós: De Inês para Inóspita. O inicio da metamorfose. Uma canção não cantada que vai crescendo com um toque de esperança mas que volta a concluir-se em balada, sem necessidade de se complicar ou exibir.
Colinho é uma música folk de ritmo marcado. Com bases nas músicas que ouvia o seu padrasto Colin a tocar quando chegava a casa e que se conclui em acordes chateados: Pudera não embirrarmos com os nossos.
Transportando-nos para um antigamente cheio de dedilhados e baseada na técnica de chord melody, O Retrato de Cid Rosa é uma ode à mãe e ao livro controverso de Oscar Wilde.
São as Fofocas que movem o mundo e é desta forma que Inóspita tenta provocar a sua validade. É um encontro com amigos inconclusivo. Com uma parte A e B contrastantes e com uns quantos pedais a ganharem terreno, Fofocas é o híbrido de acordes de jazz com atitude e composição rock.
Diretamente dedicado ao Bruce Springsteen, influencia maior de Inóspita, Canção para Bruce é simples, empática e tenta andar nos pés de alguém cuja vida não sorriu mas que a esperança não se deixa apagar.
Com um álbum gravado em Sintra na casa da família Cintra Gomes e com todo um historial de cantinho de refugio pessoal onde a serra densa e nublada se transforma em praia bruta e bela, Cintra I & II começa com uma guitarra saltitante e dedilhada à descoberta desta beleza que cai para uma repetição frágil de loops, guitarras com oitavas e solos de guitarra e pedais que choram ao perder-se em Cintra.
“Alguém entra num bar” e todos os teus amigos estão lá e a tua banda de sonho toca algo de fundo. Contudo, em Musa Ausente a frustração de ter algo por dizer mantém-se e Inóspita monta este interlúdio onde nos deixa um poema recitado pela própria que, finalmente por palavras, nos desabafa a incapacidade de transmitir algo consciente, da constante frustração que é ser-se humano e da aceitação que talvez uma canção seja somente bela e egoísta.
Se até agora a viagem foi solitária, em E Nós, Inóspita encontra, finalmente, quem lhe dê a mão e revisita o 1º tema do disco agora acompanhada com a belíssima voz da Sara Afonso, o contrabaixo do Zé Almeida e a bateria do Pedro Antunes. Nesta primeira canção em banda, finalmente cantada, que afinal funciona como um abraço à amizade que tantas vezes temos como família.
Inóspita regressa à terra dos sonhos solitários e evoca Só de Jorge Palma como despedida desta viagem cheia de dedicatórias e convocatórias com um arranjo da música de um dos álbuns que mais a acompanhou na esperança de que esta segunda viagem da guitarrista se traduza na importância da calma, empatia e diversidade do saber num mundo cada vez mais apressado, fingido, individualista e, para todos os efeitos... inóspito.
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