segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

M-Pex - “Phado” (Thisco/Fonoteca Municipal de Lisboa)



Pode dançar-se o fado? O fado não! Mas o phado sim! Confusos? Depois de escutarem o primeiro registo de M-Pex irão perceber que afinal o fado se pode fazer a uma pista de dança e acasalar-se com ritmos que não lhe são familiares.
“Phado” ganha assim em relação a outros discos de dança pela sua enorme originalidade e vontade de arriscar e de experimentar impossíveis.
“Phado” é então como se comprova, pelas palavras anteriores, um disco de duas cores. De um lado tons electrónicos, do outro pinceladas de fado trazidas por uma guitarra portuguesa que deixa muito a dever a Carlos Paredes.
A base de tudo é o drum & bass. Em alguns momentos somos brindados por sons mais ambientais. Noutros por ritmos muito próximos do techno. Por cima destes sons, que nos convidam muitas das vezes a abanar a anca, Marco Miranda dedilha uma guitarra portuguesa, infiltrando alguma nostalgia em temas de cores mais vivas.
O resultado é surpreendente. Como diria o poeta, a principio estranha-se depois entranha-se. E quando penetram no corpo estes ritmos dificilmente querem voltar para fora.
A guitarra agarra-se na perfeição a ritmos mais modernos, aconchegando-se para que possa respirar e soltar-se. E assim nascem temas impensáveis de rara beleza. “Hydheia” é das melhores composições que temos escutado nos últimos tempos.
Agora, no entanto, uma duvida assalta a mente. O que vão pensar os puristas do fado deste “Phado”? E os amantes da música electrónica? Bom, a principio vão se calhar torcer o nariz à ideia. Mas se tiverem mente aberta e não desistirem logo á primeira, vão ver que em pouco tempo se rendem. É impossível resistir a este aroma….
Sim, porque afinal a tradição já não é o que era.

Nuno Ávila

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