quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

MANUEL FÚRIA REGRESSA AOS PALCOS PARA UM CONCERTO ÚNICO NO CCB NO DIA 10 DE DEZEMBRO



Bilhetes: https://www.ccb.pt/evento/manuel-furia/

SOBRE O CONCERTO

Muito tempo passou desde Viva Fúria, o último disco de Manuel Fúria e os Náufragos. Desde então, o autor rejeitou palcos, mandou abaixo redes sociais, procurou abrigo longe das profecias de desmaterialização de Houellebecq. Algures pelo caminho, com a ajuda do Gui Tomé Ribeiro, gravou 10 canções.

Os Perdedores, edição número 70 da FlorCaveira, um disco e uma banda, por surpresa e força do destino, foi levado a cumprir-se no Arquipélago de Escritores, encontro literário erguido no meio do mar açoreano pelo espírito e engenho de Nuno Costa Santos e de Sara Leal, companheiros para sempre desta história, que também por eles está a ser documentada num filme que um dia verá o escuro da sala de projecção.

Nos instantes após o final do concerto de apresentação na Ilha de Nosso Senhor Jesus Cristo das Terceiras que a banda deu no dia 15 de Outubro de 2022, muito rápido se compreendeu que o caminho não poderia ficar por ali. Teria sido, talvez, apenas um começo. A história dos Perdedores tinha, pelo menos, mais um capítulo por escrever, logo a seguir à parte em que o disco sai para as lojas (Sexta-feira, dia 18 de Novembro, numa especialíssima e numerada edição de 250 vinis tingidos pelo púrpura sacado ao Prince e à liturgia da penitência), aquela outra em que a banda toca na sua cidade.

Assim será no dia 10 de Dezembro de 2022, um Sábado, no Pequeno Auditório do Centro Cultural de Belém, em Lisboa: Manuel Fúria, Francisca Aires Mateus, Tomás Cruz, Vasco Magalhães e João Eleutério apresentam ao vivo Os Perdedores, um disco, uma banda, uma maneira de traduzir em linguagem pop electrónica aquele aforismo da Agustina que vai assim “Aprender a perder fora afinal a sua escola de vida; e melhor do que essa não há.”

SOBRE O VÍDEO

“Os Perdedores”, canção título do disco, foi a escolhida para fazer um primeiro teledisco. Juntou-se a banda e foi-se filmar.

Foi realizado pelo Tiago Brito, membro de longa data dos Náufragos, parceiro de Manuel Fúria em muitas das suas incursões de artista nos últimos anos.

Um Perdedor de pleno direito.

SOBRE O DISCO

Perder é a Glória dos Bravos

“Eu sinto uma disposição/ Eu sinto uma inclinação/ Para falar, ouvir falar/Daquilo que amo”.

“Prece 909”, Os Perdedores

O disco mais pessoal de Manuel Fúria – ele que só sabe edificar uma arte assente na biografia. O passado quer-se arrumado em cima da cama como o vestuário que já não serve. Fúria decide catalogar a memória e arriscar a reinvenção. Ao banho de uma nostálgica melancolia, como aconteceu em périplos anteriores, prefere tentar uma catarse antes da luz.

Para isso, assume a dor da perda e a religião. Lembra mártires, denuncia massacres, nomeia a brevidade de tudo, homenageia um chão. Coloca na montra das lojas que já morreram destroços, raízes, o rosto de pessoas que foram decisivas, paisagens que determinam vidas.

“Os Perdedores” é o disco de uma banda de quem já teve uma banda. É nessa contradição que se cumpre e se transcende.

Reúne um punhado de canções de um rockeiro que adere à electrónica para dizer o tempo das guitarras. Uma electrónica sem heroísmos, que, ela própria, homenageia um cânone. Quase como um paradoxo, o sentido é o de densificar e convocar sombras. Para depois voltar a uma possibilidade, assente na glória de perder.

Músicas de quem já foi “o maior” e quer purgar a soberba e outros deslumbres. Canções de quem aceitou a escultura do tempo e procura formas de salvação possível ao gritar o nome dos amigos naufragados ou ao lembrar a infância, dividida entre a cidade e as serras, de “um menino de seu pai”.

"Os Perdedores" é o melhor título para um álbum musical-conceptual concretizado num tempo em que o triunfo mentiroso é o fetiche dominante. A autoria é apagada para dar lugar ao escândalo do anonimato.

Bravo gesto de quem se despede, acerta contas, paga dívidas, acorda noutra manhã. Que é como quem diz: de quem alinha os escombros e abre, com o destemor da fragilidade, as portadas do futuro.

Nuno Costa Santos

http://www.manuelfuria.com/

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