Começaram por se chamar "Delirium Tremens"(1) e "Beijinhos e Parabéns". O primeiro ensaio a sério foi no dia 22 de Dezembro de 78 na velhinha senófila. A estreia ao vivo ocorreu no dia 13 de Janeiro de 1979, já com o nome Xutos e Pontapés Rock’n’Roll Band, aquando da comemoração dos "25 anos do Rock and Roll" na sala dos Alunos de Apolo. Tiveram direito a seis minutos para tocar quatro músicas. Foi também o concerto de despedida dos Faíscas. (2)
Tim (voz e baixo), Francis (guitarra), Zé Pedro (guitarra) e Kalú (bateria) foram os elementos da formação inicial do grupo após a saida do vocalista Zé Leonel que tinha saido do grupo devido a problemas com o consumo excessivo de estupefacientes.
Através de António Sérgio e da editora Rotação gravam os seus dois primeiros singles. E em Abril de 1982 entraram em estúdio para registar o disco "1978-1982" que compila a produção acumulada durante os primeiros quatro anos do grupo.
Inicialmente conotados com o punk, os Xutos tornaram-se uma das bandas mais aclamadas nos circuítos mais alternativos. Três dos temas da banda ("Avé Maria"/"Mãe"/"Sémen") são proibidos na Rádio Renascença e é pedido na Rádio Comercial para não ser passado o tema "Mãe".
Assinam com a Fundação Atlântica e editam um single com os temas "Remar, Remar" e "Longa Se Torna a Espera". Gravam uma versão mais longa de "Remar, Remar" e os temas "Sexo" e "Formiga Branca" para um máxi-single que não chega a ser editado.
Em Dezembro de 1984 é editada a colectânea "Ao Vivo no Rock Rendez-Vous" que inclui os temas "Esquadrão da Morte" e "1º de Agosto".
Em Dezembro de 1985 é editado o Mini-Lp "Cerco" que inclui algumas das melhoras canções do grupo mas que enferma de péssimas condições sonoras. É neste ano que o grupo dá três concertos em Espanha.
O single "Barcos Gregos/Homem do Leme", em novas versões, é editado no início de 1986. Os concertos que o grupo dá, nos dias 31 de Julho e 1 de Agosto, no Rock Rendez-Vous são gravados mas o grupo não gosta das misturas finais. As fitas desaparecem e o disco não é editado. O grupo acaba por assinar com a Polygram.
Em Fevereiro de 1987 é lançado o álbum "Circo de Feras" que obtém um estrondoso sucesso e que incluía temas como "Contentores", "Circo de Feras", "Na América" e "Não Sou o Único".
Em Novembro desse ano é editado o "7º Single" com os temas "A Minha Casinha", "A Minha Aventura Homossexual com o General Custer" e "Eu Sou Bom". O single chega rapidamente a disco de platina.
No ano seguinte, em Março, é editado o disco "88" produzido por Ramon Galarza e Paulo Junqueiro. Realizam 60 concertos em 4 meses, para mais de 240.000 espectadores. De 29 a 31 de Julho de 1988 realizam três concertos em Lisboa que foram registados e deram origem ao triplo-álbum "Xutos ao Vivo" (com 28 faixas contra 19 na versão em CD) editado em Novembro de 1988.
No verão de 1989 é editado um single com versões de estúdio de "Submissão" e "Se Me Amas"(3).
A colectânea "Xutos & Pontapés 90" é lançada no Brasil, França e Espanha. Actuam ao vivo com os Mano Negra.
A convite de José Wallenstein, os Xutos fazem a banda sonora (4) da peça "Inimigos", de Nigel Williams, que esteve em cena, de Abril a Junho, no Clube Estefânia.
O sexto álbum do grupo, "Gritos Mudos", é gravado no Rio de Janeiro, no estúdio "Nas Nuvens". Depois do regresso do Brasil, o grupo descobre que tinha sido enganado pelo seu empresário. Os elementos do grupo estarão, depois, desligados do grupo por mais de seis meses. É nessa fase que Tim entra para os Resistência e que Zé Pedro abre o Johnny Guitar e participa no disco dos Palma's Gang.
Tim participa com o tema "A Cidade" na banda sonora na série "Claxon" da RTP 1.
Só no Verão de 1991 é que se voltariam a reunir para ensaiar de novo. Em Novembro, para comemorar o lançamento da biografia "Conta-me Histórias, da autoria de Ana Cristina Ferrão, fazem uma festa em Lisboa, no Johnny Guitar, e no Café Pinguim, no Porto, onde se apresentam pela primeira vez em formato acústico.
Em Novembro de 1992 é editado "Dizer Não de Vez", com produção de Kalu e Fernando Rascão. O primeiro single foi o tema "Chuva Dissolvente" que chega a nº 1 do top de singles. O lado b deste single incluía o inédito "Lá" com a participação de Xana.
Em 1993 é lançado, para efeitos promocionais, um Cd-single com versões de dança de "Estupidez" e Poço da Salvação". Em Novembro é editada a compilação "Johnny Guitar" que incluí a versão longa de "Remar Remar" e "Formiga Branca" (dois temas gravados para a Fundação Atlântica).
Em Dezembro de 1993 lançam o álbum "Direito ao Deserto", gravado nas mesmas sessões de gravação do disco anterior. A tournée desse ano levou-os por todo o país e no Estádio do Restelo tocaram com a Orquestra Metropolitana de Lisboa.
O 15º aniversário do grupo foi festejado com um concerto no Coliseu do Porto onde participaram 37 músicos de vários grupos portugueses (GNR, Rádio Macau, Resistência, Peste e Sida, Sitiados, Delfins e Braindead, entre outros). Em Abril de 1994 é editada a colectânea de homenagem a Zeca Afonso onde aparece a versão de "Coro da Primavera". Participam ainda no espectáculo "Timor Livre" promovido pela Associação 12 de Novembro.
Em Janeiro de 1995, a El Tatu reeditou em CD o álbum "1978-1982", com a inclusão dos dois primeiros singles. Em Abril de 1995, o grupo gravou no auditório da RDP, com transmissão em directo pela Antena 3, o concerto acústico que deu origem ao disco "Xutos e Pontapés ao vivo na Antena 3".
O semanário Blitz concede-lhes o Prémio Carreira BLITZ 94, o que não impede de, no ano seguinte, serem os vencedores do prémio para o melhor álbum de 1995 graças ao disco "Ao Vivo na Antena 3".
Em 1997 é editado o álbum "Dados Viciados"(5) que foi produzido por Ronnie Champagne.
No ano seguinte é lançado o álbum "Tentação", disco com a banda sonora do filme de Joaquim Leitão. É também editada a compilação "Vida Malvada" [O melhor dos Xutos 1986-1996].
Por ocasião da comemoração dos 20 anos do grupo é editada uma fotobiografia da história do grupo - "Xutos & Pontapés/XX Anos" (ed. El Tatu/101 Noites) e o CD "XX Anos XX Bandas" onde vinte temas do grupo são revisitados por vários nomes da música portuguesa.
O concerto de comemoração dos 20 anos de carreira do grupo ocorreu, no dia 10 de Março, no Pavilhão Atlântico. No dia 10 de Abril, os Xutos & Pontapés actuam com a Filarmonia das Beiras, durante o 5º Festival de Música José Afonso. Tim edita o seu primeiro álbum a solo, "Olhos Meus".
O álbum "1º de Agosto ao vivo no Rock Rendez Vous" com a gravação dos concertos de 1986, entretanto recuperados, é editado em Maio de 2000.
Gravam uma versão de "Chico Fininho" para o disco de homenagem a Rui Veloso que é lançada como primeiro single desse trabalho.
Em 2001 é editado o álbum "XIII" que foi produzido por Mário Barreiros. No final do ano apresentam-se ao vivo, em regime acústico, no Teatro Villaret e Hard Club.
Em Maio de 2002 é editado o álbum ao vivo "Sei Onde Tu Estás" gravado durante a digressão de promoção ao álbum "XIII".
É editada a compilação dedicada ao programa "Som da Frente" de António Sérgio que inclui o indicativo gravado originalmente em Outubro de 1982.
Em Janeiro de 2003 é lançado, pela Universal, o disco "Nesta Cidade" com a gravações da digressão acústica que passou pelo Teatro Villaret e pelo Hard Club. Camané é um dos convidados participando nos temas "Circo de Feras" e "Sopram Ventos Adversos".
O grupo faz a primeira parte dos Rolling Stones, no concerto realizado em Setembro de 2003 no novo Estádio de Coimbra.
Em Maio de 2004 é editado o álbum "O Mundo ao Contrário" com produção de Cajó e de Nuno Rafael. Os elementos do grupo recebem, no dia 10 de Junho, a Ordem de Mérito concedida pelo Presidente Jorge Sampaio.
(1) «Comecámos por nos chamar Delirium Tremens. Foi no verão de 1978. Era eu, o Kalú, o Paulo Borges e o Zé Leonel. Fizemos um único ensaio, mais nada. Depois, ainda em 1978, passámos a chamarmo-nos Beijinhos & Parabéns, mas também nunca actuámos ao vivo. Em Janeiro de 1979, fixámos definitavamente em Xutos & Pontapés.» JP/Blitz
(2) Os Faíscas de Pedro Ayres Magalhães e Paulo Pedro Gonçalves ensaiavam na garagem de Zé Pedro.
(3) "Se Me Amas" foi gravado em maqueta na fase em que o grupo não teve qualquer contrato de edição. Essa versão teve bastante sucesso num dos programas de Rui Pego (Rádio Renascença).
(4) Gui e João Cabeleira já tinham feito música para algumas curtas metragens. O Ep "Inimigos" incluí os temas "Tu Aí" e "Submissão" e ainda "Nunca Fui" e "El Tatu" do álbum "Gritos Mudos".
(5) O tema "Dados Viciados" é o retomar, parcial, de uma velha composição do grupo. Seviu também de esboço à temática do álbum.
FORMAÇÃO
Tim (António Manuel dos Santos)
Zé Pedro (José Pedro dos Santos Reis)
Kalú (Carlos Eduardo Ferreira)
João Cabeleira
Gui (Carlos Guilherme Nascimento) - saxofone - Novembro 1984 / Setembro 1990
Zé Leonel - voz - Janeiro 1978 / Março 1981
Francis - guitarra - Fevereiro 1981 / Maio 1983
Já conhecia o Zé Leonel, que andava com uma das minhas irmãs. A seguir começam os Faíscas, influenciados pela onda punk e pelos Sex Pistols. Nessa altura, o Pedro Ayres estava sempre a picar-me para eu formar uma banda e foi aí que pusemos um anúncio na «Música & Som» a pedir um baterista e apareceu o Kalú. (...) Era eu, o Kalú, o Zé Leonel e um amigo de uma namorada que ele tinha em Almada (já tinha acabado com a minha irmã), que era o Tim. ZP/Expresso
DISCOGRAFIA
1978-1982 (LP, Rotação, 1982)
Cerco (LP, Dansa do Som,1985)
Circo de Feras (LP, Polygram,1987)
88 (LP, Polygram,1988)
Ao Vivo (3LP, Polygram,1988)
Gritos Mudos (LP, Polygram, 1990)
Dizer Não de Vez (CD, Polygram,1992)
Direito ao Deserto (CD, Polygram, 1993)
Ao Vivo na Antena 3 (CD, Polygram, 1995)
Dados Viciados (CD, EMI, 1997)
Tentação (CD, EMI,1998)
Vida Malvada [O melhor dos Xutos 1987-1993] (Compilação, Polygram,1998)
1º de Agosto ao vivo no Rock Rendez Vous (CD, El Tatu/EMI, 2000)
XIII (CD, EMI, 2001)
Sei Onde Tu Estás (CD, EMI, 2002)
Nesta Cidade (CD, Universal, 2003)
O Mundo ao Contrário (CD, Universal, 2004)
Para Sempre - Colecção Caravelas (Compilação, EMI, 2004)
NO RASTO DE...
Zé Leonel é desde há vários anos o cantor dos Ex-Votos
Francis lançou a solo os álbuns "Stilleto", em Março de 1986, e "Rota dos Ventos" em 1989. Em 1990 fundou os Ravel com quem gravou o disco "Quimera". Também chegou a tocar com os UHF.
Em 1993, Gui fez parte dos PCP - Pop Clube de Portugal com Rui Alves (baterista dos Ravel). Ainda fez parte dos Despe & Siga.