segunda-feira, 30 de maio de 2005

Tara Perdida - “Lambe Botas” (Difference Star)


João Ribas continua fiel aos seus princípios. É assim há 10 anos nos Tara Perdida. Já o era por altura dos Censurados. Por mais voltas que possam dar as formações das bandas que João Ribas lidera, é o som punk-rock cantado em português, que norteia a forma de fazer música do artista. Se é assim que as coisas vão resultando, para quê mudar de sentido?
Depois de um período mais baixo, os Tara Perdida renascem das cinzas com este “Lambe Botas”. Voltam com nova força. Músicas a rasgar a alma, onde palavras são arrumadas contra os nossos sentidos, preenchem o ar, deixando-nos pregados à parede. Nem há tempo para respirar. É sempre a abrir. Quase sempre a melodia está presente, apesar da raiva, e a música cola-se violentamente ao nosso corpo, como seta arrumada para nos deitar ao chão.
Não, isto não é inovador! Sim, isto é diferente do que muitas das bandas ditas de punk/hardcore fazem hoje em Portugal. O som dos Tara Perdida vem essencialmente dos finais dos anos 70 inícios dos 80. Por vezes mergulha ao de leve nos anos 90, na forma rápida de construir as músicas. Não se fica pelos três acordes. Tem a vantagem se fazer ouvir em português. Aí a banda difere da maioria e consegue destacar-se por isso.
Por tudo isto, temos a firme certeza de que este não é um disco de “tara perdida”. É um disco que devemos ter sempre à mão, para aqueles momentos em que queremos ouvir música feita com alma. ”Lambe Botas” não é um tesouro rico em ouro e diamantes. Não é um disco com pontuação final de 5 estrelas. “Lambe Botas” é tão somente um disco que apetece ouvir quando queremos quebrar a rotina. Por isso, já é um disco acima da média. Foge para a esquerda quando quase todos vão pela direita.
“Lambe Botas” é Tara Perdida! É punk!. Está tudo dito! Para quê escrever mais?!…

Nuno Ávila

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