segunda-feira, 5 de abril de 2010

The Soaked Lamb - “Hats & Chairs” (Panóplia)



Regresso ao passado. Colamo-nos aos anos 20. Imaginemos um enorme descampado em terras americanas. Estrada empoeirada. Na esquina uma seta indica um bar. Entramos. Em cima do palco uma banda debita o seu blues, salpicado de swing e jazz. Esta banda podia ser perfeitamente os The Soaked Lamb. Entre dois tragos de gim mais uma canção enfeita o ar.
Se passarmos uma vista de olhos pelo myspace da banda em http://www.myspace.com/thesoakedlamb encontramos por lá uma série de artistas que são tidos como referências para a sua criação. De entre todos, os nomes expostos aqueles que mais alento criativo dão aos The Soaked Lamb, são: Bessie Smith, Tom Waits, Nina Simone e Billie Holiday. No entanto toda a restante lista faz sentido. Os The Soaked Lamb não escondem as suas origens e muito menos negam a fonte onde vão buscar o liquido para matar a sua sede.
Os The Soked Lamb vão aqui e ali recolher partículas de inspiração para moldar o seu som. Como resultado, apresentam-nos um prato de refinado sabor.
“Hats & Chairs”, segundo registo da banda, apresenta-nos 13 belíssimas canções, tocadas por um naipe de músicos de primeira apanha. Mantém intacta a beleza do primeiro registo. É um trabalho coerente, todo ele de elevado gabarito, e por isso sem carga a mais.
Fazem parte deste colectivo, Mariana Lima na voz e sax alto; Afonso Cruz na voz, guitarra, ukulele, harpa de blues, banjo e lap steel; Gito Lima no contrabaixo; Vasco Condessa no piano e órgão; Tiago Albuquerque no saxofones, guitarra, clarinete, trompete, concertina e ukulele e Miguel Lima na bateria e precursões.
Os músicos entregam-se de corpo alma a esta sua paixão sem medo de que este som possa parecer velho e com pó. De facto é isso que o torna distinto. Ser velho e com pó. A lembrar antigas fotos arrecadadas em baús. E isto faz a diferença e torna os The Soaked Lamb únicos dentro do actual panorama da musica nacional.
Mais palavras para quê? É tempo de voltar a colocar o CD na aparelhagem, carregar no play e partir em doce viagem na máquina do tempo. Que o regresso seja apenas quando Deus quiser…


Nuno Ávila

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