Os L’Ego são um dos mais antigos projectos electro-experimentais existentes em Portugal. A sua carreira nasceu ainda nos anos 80. Projecto pessoal de Eurico Coelho, que, quando começou a criar sobre este nome, fazia juntamente com Abel Raposo parte dos HIST (Histeria de Imagens Sonoras em Transe).
Neste seu novo registo Eurico cria sons a partir de sons já existentes. Como vem explicado no cd: “Este disco foi composto exclusivamente por colagens e manipulação de elementos sonoros pre-existentes. Foram usados samples de arquivos sonoros de ruídos de sonoplastia gentilmente cedidos por Carlos Curto e Vitor Joaquim assim como excertos de duração inferior a 10 seg., de obras dos seguintes músicos: Abel Raposo, Autechre, Coil, Big Toxic, Dany Sicilliano, David Toop, Dhafer Youssef, Eleinikairandrou, Emidio Buchinho, Expander, Faullline, Hector Zazou, Holger Hiller, Jorge Haro, La Fura Del Baus, Mariza, Miguel Soares, Nuno Rebelo, Pansonic, Rain Tree Crow, Ramdom Inc, Richard Horowitz, Robert Fripp, Scanner, Scriabin, Shchedrin, To Rococo Rot”.
O resultado é surpreendente. As 14 músicas deste cd funcionam, cada uma por si, como um todo. Cada uma tem um corpo coeso muito próprio. São viagens ambientais que conseguem ter vida para além da peça de teatro, levada à cena pelo grupo Teatro do Mar, para que foram criadas. Restam para lá do corpo teatral “Ladrões do Tempo”.
São sons que criam imagens. Que exploram “as transformações que se operam na gestão do tempo”. Que nos mostram as “relações humanas ao longo do século XX”. Músicas que reflectem pinturas que vão do “trabalho manual e mecânico, aos automatismos.” Que vão “da linha de montagem, às redes e células cibernautas”. E por fim, que vão “do ruidoso grupo de trabalhadores ao silêncio do controlo individualista”.
Nesta revolução industrial Eurico Coelho é o cientista que junta as peças dando corpo à sua arte. Um trabalho microscópico que resulta num disco que é um todo, que não tendo uma base sua resulta num disco que é de L’Ego. As peças encaixam perfeitamente umas nas outras e assim a máquina pode rolar. E mais, é difícil de detectar individualmente cada um dos samples usados.
Sem criar sons demasiado estranhos ao ouvido, Eurico Coelho, cria um disco que pela forma usada (e ousada) para o conceber é verdadeiramente experimentalista.
Este disco de L’Ego faz o que muitos não conseguem. Passeia em cima de uma corda, podendo facilmente tombar para um lado demasiado extremo e rude. A experiência de Eurico torna este disco leve, fácil e bastante relaxante. E da corda ele não tomba.
Estamos então perante uma electrónica servida em copos de cristal. Sons a que a Thisco já nos habituou.
Por isso, bebam estes pedaços de música com toda a calma do mundo . Sim porque faz todo o sentido dizer que isto é música.
Nuno Ávila.
Neste seu novo registo Eurico cria sons a partir de sons já existentes. Como vem explicado no cd: “Este disco foi composto exclusivamente por colagens e manipulação de elementos sonoros pre-existentes. Foram usados samples de arquivos sonoros de ruídos de sonoplastia gentilmente cedidos por Carlos Curto e Vitor Joaquim assim como excertos de duração inferior a 10 seg., de obras dos seguintes músicos: Abel Raposo, Autechre, Coil, Big Toxic, Dany Sicilliano, David Toop, Dhafer Youssef, Eleinikairandrou, Emidio Buchinho, Expander, Faullline, Hector Zazou, Holger Hiller, Jorge Haro, La Fura Del Baus, Mariza, Miguel Soares, Nuno Rebelo, Pansonic, Rain Tree Crow, Ramdom Inc, Richard Horowitz, Robert Fripp, Scanner, Scriabin, Shchedrin, To Rococo Rot”.
O resultado é surpreendente. As 14 músicas deste cd funcionam, cada uma por si, como um todo. Cada uma tem um corpo coeso muito próprio. São viagens ambientais que conseguem ter vida para além da peça de teatro, levada à cena pelo grupo Teatro do Mar, para que foram criadas. Restam para lá do corpo teatral “Ladrões do Tempo”.
São sons que criam imagens. Que exploram “as transformações que se operam na gestão do tempo”. Que nos mostram as “relações humanas ao longo do século XX”. Músicas que reflectem pinturas que vão do “trabalho manual e mecânico, aos automatismos.” Que vão “da linha de montagem, às redes e células cibernautas”. E por fim, que vão “do ruidoso grupo de trabalhadores ao silêncio do controlo individualista”.
Nesta revolução industrial Eurico Coelho é o cientista que junta as peças dando corpo à sua arte. Um trabalho microscópico que resulta num disco que é um todo, que não tendo uma base sua resulta num disco que é de L’Ego. As peças encaixam perfeitamente umas nas outras e assim a máquina pode rolar. E mais, é difícil de detectar individualmente cada um dos samples usados.
Sem criar sons demasiado estranhos ao ouvido, Eurico Coelho, cria um disco que pela forma usada (e ousada) para o conceber é verdadeiramente experimentalista.
Este disco de L’Ego faz o que muitos não conseguem. Passeia em cima de uma corda, podendo facilmente tombar para um lado demasiado extremo e rude. A experiência de Eurico torna este disco leve, fácil e bastante relaxante. E da corda ele não tomba.
Estamos então perante uma electrónica servida em copos de cristal. Sons a que a Thisco já nos habituou.
Por isso, bebam estes pedaços de música com toda a calma do mundo . Sim porque faz todo o sentido dizer que isto é música.
Nuno Ávila.
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