Nunca um disco esteve tanto na moda. Se olharmos para as tabelas dos melhores discos de 2003, escolhidos pela maioria das publicações nacionais e estrangeiras, facilmente nos apercebemos que, o primeiro longa duração dos X-Wife, não poderia ter sido editado noutra altura.
A música do trio do Porto, liderado por DJ Kitten, ou seja João Vieira, mistura em doses certas o punk de finais de 70, com o rock dos anos 80 e a electronica dos anos 90. Os X-Wife constroiem uma música que atravessa três décadas, com enorme ligeireza. Este é um disco de bons temas, que peca por não funcionar num todo. A voz de João Vieira, que aparece quase sempre no mesmo registo de tom, torna o disco um pouco monotono. Por isso aconselha-se a audição de um tema hoje e de outro amanhã. Não há outra forma de se poder disfrutar destas músicas.
O que é pena, é percebermos que os os melhores temas de “Feeding To The Machine”, continuam a ser os que apareciam editados no EP que saiu o ano passado (“Eno”, “Rockin’Rio” e “We Are”). É facil então perceber que a banda ficaria a ganhar se tivesse editado outro EP, em vez de se atirar de cabeça à gravação de um longa duração.
Os X-Wife, que prometiam ser a nova grande revelação da música portuguesa, ao quererem dar um passo maior que a perna, perderam um pouco do seu encanto inicial. No entanto, é bom que se escreva, que estes temas não poderiam ter sido editados daqui a meio ano. Se assim acontecesse corria-se o risco de já ninguem ligar a este tipo de som, e para que ele sobreviva é urgente haver discos.
E se as bandas que nos chegam lá de fora triunfam, levando as multidões nos festivais ao rubro, se em palco os X-Wife corrigirem alguns dos defeitos deste disco têm tudo para triunfar.
Aposto dede já, que o segundo registo da banda vai ser um grande disco. Cá estaremos para comprovar. Enquanto ele não chega, apreciem este como um disco de grandes singles…
Nuno Ávila
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