sexta-feira, 19 de março de 2004

EDITORIAL: CONTRA A PIRATARIA, LUTAR!

A polémica está novamente instalada. Todos sabemos que é urgente lutar contra a enorme vaga de pirataria, que está a diminuir drasticamente a venda de Cds. Mas até que ponto é legal as editoras colocarem nos discos sistemas anti-cópia?!
Já por várias vezes ouvi dizer a especialistas em direito do consumo que é absolutamente legal fazer uma cópia de um Cd, desde que se tenha igualmente o original. Todos sabemos que os leitores de Cd dos carros dão cabo dos discos e que por isso uma cópia para tocar no automóvel seria de toda a conveniência.
É igualmente do conhecimento geral que, existem truques e programas de gravação que engolem qualquer tipo de cd. Por isso para quê lutar contra este mal desta forma, quando existem outras maneiras de o fazer!
Já por aqui escrevi, e volto a reafirmar, que o grande passo a ser dado, no combate à pirataria é redução do IVA no custo dos Cds. Por que será que a música não é considerada cultura? A primeira razão que poderíamos apontar, é que para muitos entendidos aquilo que a maioria das novas bandas toca não pode ser considerado música. Se pensarmos um pouco esta não pode ser a causa chave do problema, pois os Cds de jazz e música clássica sofrem do mesmo mal, isto apesar de gravações de obras mais antigas se poderem encontrar nas lojas a preços convidativos. Tal acontece pois estas, volvido um período bastante largo de anos passam a ser consideradas do domínio público, e os custos com o pagamento de direitos de autor desaparece.
Parece então não haver forma de dar a volta a esta complexa questão. Poderia haver maneira de combater este flagelo se as mentalidades mudassem. Não basta apanhar os piratas e com isso criar grandes manchetes nos jornais.
É urgente encontrar pessoas competentes e de vistas largas para trabalhar nas editoras. Será viável colocar no mercado um Cd de uma banda que está a nascer a preços elevados? Poderia ser se, antes de o Cd aparecer nas lojas, a promoção fosse feita de forma certeira.
As editoras deveriam remar todas no mesmo sentido e não enterrarem a cabeça na areia. Colocar no mercado um Cd a 20 euros com a desculpa de que a pirataria está a prejudicar o artista, só faz com que grupos de amigos se juntem o comprem, o gravem e o vão vender a lojas de segunda mão. E depois lá aparecem nessas lojas Cds fresquinhos a metade do preço. Por isso a regra é não comprar um disco logo que ele vê a luz do dia. Há que esperar preços melhores...
É por isso que estou convicto que amanhã ainda estaremos a discutir este mesmo problema. Não me importarei de escrever um novo texto. Como comprador compulsivo de Cds para mim seria bem mais agradável poder comprar um disco numa loja a um preço aceitável, do que ter de esperar por uma feira do disco, ou procurar na net numa loja de segunda mão.
Para finalizar deixo no ar uma questão: como foi possível, encontrar na última feira do disco de Coimbra, ainda selado, o ultimo Cd dos Blasted Mechanism a 10 euros?
Ao que parece, anda por aí uma outra forma de ladroagem a querer destruir o mercado

Nuno Ávila

Sem comentários: