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domingo, 7 de março de 2004
WRAYGUNN - Teatro Académico de Gil Vicente dia 5 de Março de 2004
Dia 1 de Março a Rádio Universidade de Coimbra atingiu a maioridade ao completar 18 anos. A festa foi, dia 5, no TAGV e para ajudar a apagar as velas foram convidados os Wray Gunn, que subiram ao palco para apresentar em primeira mão o disco “Eclesiastes 1.11” que verá a luz do dia daqui a um mês pela Nortesul.
Devido às recentes saídas do projecto de Miguel Pinheiro (voz) e de Luís Pedro Madeira (teclados), e à entrada de João Doce (percurções), foram uns Wray Gunn diferentes aqueles que se apresentaram frente aos nossos olhos, com Paulo Furtado a assumir em pleno o comando das operações.
A música dos Wray Gunn está diferente como não poderia deixar de ser. Cresceu numa nova direcção. As raízes negras dos sons que criam estão mais visíveis. A este facto não é alheia a presença em palco e no disco do coro gospel Be Magnified. Aliás, os momentos em que o coro esteve com a banda transportaram-nos numa viagem por terras americanas. O grande momento deste passeio até ao outro lado do atlântico, esteve guardado para o início do encore, onde tocaram a versão de “No More My Lord”, com o ritmo a ser marcado por um machado a cortar lenha. Os dois temas antigos que apresentaram, sofreram novas roupagens, para se adaptarem a estes renovados Wray Gunn. “Going Down”, por exemplo, está menos rap, apresentando-se agora mais sereno e arrastado.
Se o espectáculo, não começou da melhor maneira, com o som a apresentar-se pouco definido, com o evoluir dos acontecimentos, e a entrega total da banda em palco, onde Furtado chamava a si todas as atenções, não foi difícil ver o público a reagir, chegando por momentos a entrar quase em delírio. Ouve mesmo alturas em que as cadeiras do TAGV foram um entrave. É muito difícil mexer o corpo quando se está sentado. Mesmo assim ainda ouve algumas tentativas, e na fila da frente chegaram alguns a levantar-se.
Na noite de 5 de Março, os Wray Gunn, provaram que apesar de estarem muito longe da América, terra onde o blues cresce em algumas árvores, é possível pegar nesta música, e sem esquecer a sua origem fazer com que ela siga novos caminhos, pintando-a com ritmos mais rock, sem esquecer os seus tons negros. Em palco, e em disco misturam-se ambientes mais calmos servidos pela voz doce de Raquel, com ritmos mais acelerados onde a guitarra e a voz distorcida de Furtado dominam, apesar de por vezes também ele nos brindar com a sua serenidade.
Ficou assim provado, que “Eclesiastes 1.11” é um grande disco e que os Wray Gunn são um dos mais frescos e inovadores projectos do panorama nacional. Afinal Coimbra está viva.
Na primeira parte o trio Esticalimaóseiça, apresentou “Omaggio aos 18 anos da RUC”, onde através de um hilariante vídeo e teatro, contaram a história da Rádio Universidade, “atacando” alguns dos presentes, que obviamente não levaram a mal. Brilhante e para muitos surpreendente esta performance.
E assim se provou mais uma vez que a RUC está sempre no ar.
Os Wray Gunn tocaram:
1 - Soul city
2 - Drunk or stoned
3 - Keep on praying
4 - Lonely
5 - Hip
6 - There but for the grace
7 - I’m your love man
8 - How long, how long?
9 - Don’t you know
10 - All night Long
11 - She’s a speed freak
12 - Juice
13 - No more my lord
14 - Going down
Nuno Ávila