segunda-feira, 1 de novembro de 2004

ROSE BLANKET - “Rose Blanket” (Bor Land)


Relaxe. Descontraia-se. Ponha-se à vontade. Calce os chinelos. Prepare uma bebida. Ponha o disco dos Rose Blanket a tocar. Sente-se no sofá. Deixe a mente levitar. Viaje.
Imagine-se nos Estados Unidos da América. Um carro percorre paisagens desertas. Zonas descampadas, onde apenas encontramos depois de muitos quilómetros uma bomba de gasolina e um supermercado de beira de estrada. Bebe-se um café mal tirado. Voltamos de novo à estrada.
Não consegue visionar o filme. Lembra-se de “Thelma & Louise” de Ridley Scott? E de “Um Coração Selvagem” de David Lynch? Os mesmos quadros. A mesma América que é retractada na música dos Rose Blanket.
Tudo aqui é muito calmo. Respira-se tranquilidade. A melancolia que salta das músicas dos Rose Blanket é apenas cortada aqui e ali por sons mais sónicos.
Estamos aqui perante pinturas neo-country, salpicadas por pitadas de blues. Por vezes, como em “Maison Close”, “Sleeplessness” ou “ Two Days Ride”, as guitarras distorcem. Não se carrega no pedal a fundo, para não quebrar a calma que reina.
Este disco é mais eléctrico que “April” dos Old Jerusalem. Segue os mesmos caminhos. Bebe inspiração nos mesmos saloons. Cheira a uma terra que não nos é mostrada na televisão. Sabe a um tempo que só existe nas telas de cinema.
Este cd tem a poesia de um Leonard Cohen. Tem o saber fazer de uns Lambshop. Tem a mestria de uns Calexico. Tem a beleza de uns Unplayable Sofa Guitar, projecto de Paulo Miranda, produtor do disco. Tem o distorcer de uns Sonic Youth. Mas apesar de tudo, este disco tem uma alma própria. Respira. Tem vida.
“Rose Blanket” é um disco de sonhos. É um disco de sonho. Inesquecível. Um disco que nos toca a alma. Um disco que fala da alma. Tem sentir. Tem cheiro. Tem gosto. Gosta-se e pronto!…
Continua relaxado. Então deixe-se estar. Ponha novamente o disco a tocar. Beba mais um copo. Viaje. Perca-se. Deixe-se levar pelos sentidos…e não volte!
Amanhã será outro dia…

Nuno Ávila

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