segunda-feira, 25 de abril de 2005

Blind Zero - “The Night Before And A New Day” (Universal)

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Que me desculpem os leitores mas vou ter que começar por escrever isto. Os Blind Zero nunca mais vão fazer um disco como “A Way To Bleed Your Lover”. Por mais que tentem… Por mais que aproximem os modos de composição e de gravação. “A Way To Bleed Your Lover” tem o que mais nenhum disco dos Blind Zero nos conseguiu dar até hoje. Escutem “Toxic” ou “Nothing Else Goes On” e descubram os melhores arranjos que alguma vez a banda fez para os seus temas. As cordas aqui dão um ar mais pop à música dos Blind Zero.
Em “The Night Before And A New Day” os Blind Zero regressam ao passado, sem esquecer os tempos mais recentes. O rock volta ao palco, com as guitarras a protagonizarem as cenas principais. No entanto, em “Gasoline Boy” e “Shine On” a banda pisca ainda o olho ao penúltimo disco. Forma sábia de não sobressaltar demasiado o ouvinte.
É assim a primeira metade do disco. Um compromisso entre o que foi e o que querem fazer agora. A partir do sétimo tema a banda rompe amarras e atira-se de cabeça ao rock mais cru, apesar de aí descobrirmos temas como ”Super 8” que nos trazem de fundo guitarras com sabor a country.
Mas a verdade acaba por ser esta, em “The Night Before And A New Day”, os Blind Zero continuam em grande forma. Este disco é um manancial de canções com C grande, que atiram definitivamente a banda para as luzes da ribalta da música portuguesa. Se bem que há já muito os focos apontassem o rumo do Porto.
Estamos então perante um manual que ensina como escrever boas canções, sem cair na rotina, nem mergulhar em águas onde muitos vão molhar os pés. A banda assina aqui um difícil compromisso com o público. Fazer bem sem fazer comercial. E a verdade é esta, não tombam da corda bamba.
“The Night Before And A New Day”, apresenta-se assim como o segundo melhor disco da banda. Diz adeus ao ouvinte com o sofrido “Place Of Amusements”. E nós ficamos a sofrer…sem saber como arrumar o cérebro depois de ouvir estes 14 temas.
E quando existem discos que nos deixam inquietos isso é bom sinal. É sinal de sentido obrigatório…

Nuno Ávila

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