segunda-feira, 9 de maio de 2005

Ölga - “what Is” (Bor Land)



“What Is” do Ölga não é um daqueles discos pelos quais nos apaixonamos logo à primeira vista. ”What Is” é um disco diíicil. Custa a entrar no ouvido. Mas, à medida que o vamos escutando repetidamente, a estranheza esfuma-se dando lugar à compreensão. Sim, porque a música dos Ölga deve ser compreendida à luz dos mais modernos e requintados conceitos que envolvem a criação. Esta música tem futuro. É do futuro.
Aqui mistura-se o pós-rock com o experimentalismo e as guitarras sónicas. Desta experiência nascem 8 instrumentais densos e bastante carregados de atmosferas cinzentas.
Estamos perante um conjunto de músicas bastante homogénio. Guitarras muitas vezes a lembrar uns Sonic Youth, envolvem-se num requintado minimalismo, onde as constantes mudanças de ritmo nos são servidas por baterias bastante tribalistas. Os teclados ajudam a criar fundos enublados, cortados muitas vezes por pequenos devaneios experimentais que nos despertam a atenção. Os violinos, que nos fazem lembrar a arte de Carlos Zíngaro, trazem dentro de si uma mistura do clássico com a improvisação, e cruzam-se aqui e ali com pequenos sons que nos aparecem vindos não se sabe muito bem de onde.
Ao ouvir “What Is”, umas vezes somos abanados violentamente pelo ritmo que nos é servido, outras os sons que se espalham pelo ar provocam em nós uma saudável dormência. E nós deixamo-nos levar, sem medo pois temos a certeza que os guias sabem escolher os melhores caminhos e meios de transporte para esta nossa viagem.
Mas atenção que este disco dos Ölga não é o pote de ouro que se esconde no fim do arco-íris. “What Is” não nos traz nada de novo. Este é apenas um disco muito bem feito, que nos agrada por isso mesmo. E basta!
Por isso, “What Is” deve ser escutado com a mente liberta. Sem receios. Com vontade de aprender a gostar.
A frontalidade é uma excelente arma de ataque. E os Ölga sabem muito bem manejar esta espingarda, acertando em cheio no alvo.


Nuno Ávila

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