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Todos nós em pequenos temos os nossos ídolos que gostamos de copiar. Eles são actores de cinema. Eles são super heróis. Eles são músicos. Queremos vestir como eles, ter o mesmo penteado e até ter a mesma voz. Mas à medida que vamos crescendo reparamos que tudo não passa de uma garotice e começamos a moldar o nosso próprio eu.
Os Boitzuleika estão ainda a crescer. Têm alguns ídolos que gostam de copiar. Assumem claramente os seus gostos. O seu primeiro cd tem um “monstro” que paira em seu redor. Tem um “cão” que nos ladra ao ouvido o nome dos Ornatos Violeta.
Pode parecer muito pesada a palavra cópia utilizada algumas linhas acima. Um pouco. Mas é que a banda não nos deixa muito espaço de manobra.
O disco, no entanto, não cheira todo ele a Ornatos Violeta. Por vezes, a produção de Pedro Renato, dos Belle Chase Hotel, tenta dar-lhe outras cores, aproximando os arranjos aos da sua banda. O som vindo do Brasil salpica algumas das músicas, tentando trazer à cena outras ideias. Exemplo disso é “Marcha Sambada”.
Mas a voz de Francisco Almeida que corre na sombra da de Manuel Cruz, atira-nos grande parte do tempo para o trilho traçado pelo o grupo de Peixe e Nuno Prata. E é aqui que o disco de estreia dos Boitezuleika comete o seu maior pecado. Fica-se apenas por aqui, sem procurar novas pistas por onde esvoaçar livremente.
E isto é muito pouco para uma banda que à custa da Antena 3, de um momento para o outro, saltou para a ribalta, passando a estar na mira.
Ao todo são 13 temas que passam sem deixar quase nenhum rasto. A maior surpresa é a versão de “Bolero do Coronel Sensível Que Fez Amor Em Monsanto”. Um tema de Vitorino com letra de António Lobo Antunes. “Cão Muito Mau” é o único que fica na cabeça e se trauteia. As letras não ajudam muito. São pouco cantaroláveis.
Como nota final ficam umas palavras construtivas, porque depois de ouvir o disco ficamos com a nítida sensação de que a banda tem possibilidade de fazer muito melhor. Basta começarem a agir por eles mesmos, e pensarem que o melhor é mesmo apenas beberem algumas gotas de inspiração nas garrafas trazidas pelos seus ídolos. Para quê meter a boca no gargalo e deglutir tudo de um só trago?
Nuno Ávila
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