segunda-feira, 21 de novembro de 2005

The Rose Buttons - “The New House Of Little Porcs” (Cãoceito)


Ao manusearmos a excelente embalagem, criada pela Cãoceito, para este cdr dos Rose Buttons, encontramos a dado passo um texto onde se lê a seguinte frase: “Quanto ao som: é XP com guitarras sónicas e um baixo a saltitar, voz por enquanto não tem mas poderá vir a ter.”
Tudo verdade. Mas só assim dito, parece pouco para explicar o som que brota deste registo. Para começar, convém dizer que o facto de os Rose Buttons não terem baterista, e por isso usarem uma caixa de ritmos, confere ao som da banda um toque electrónico por vezes bastante dançável, como no caso de “Disco For Lovers”.
Dizer que o som é sónico é simples, pois isso se constata ao longo destes seis temas a olho nu .Convém no entanto referir, que os sons ácidos que brotam das guitarras dos Rose Buttons têm origem nuns Mão Morta. Basta escutarmos as faixas “Googlespin” e “Red Hole” para percebermos imediatamente que a banda de Braga é a maior fonte de inspiração dos Rose Buttons. Mas felizmente que a banda não se queda só por isto e alarga os seus horizontes. Em “Disco For Lovers” é o som mais a atirar para as pistas de dança dos Pop Dell’Arte que deixa as suas marcas. Já em “Starlux Tornado” são as notas mais indie dos anos 80 que pintam a paisagem. Em “Roman”, a banda vai mesmo mais longe ao recuar à cidade de Manchester, nos finais dos anos 70, inicio dos 80, para nos trazer um tema em que o baixo saltitante, não nega as suas referências. Por fim, no instrumental “Reparty” a banda presta homenagem aos seus vizinhos Houdini Blues (vivem ambos em Évora), banda que bebe na mesma fonte dos Rose Buttons a água que os inspira a criar.
O facto de a banda não ter vocalista obriga a que alguns temas sejam vocalizados por convidados. Na faixa de abertura é a voz de Hugo Frota, dos Houdini Blues, que narra uma história. “Starlux Tornado” é cantada por Alexandre Oliveira e ”Roman” por Filipa Oliveira. Nos restantes temas, à excepção do instrumental “Reparty”, as vozes aparecem sempre camufladas pela camada instrumental, actuando quase sempre como mais um instrumento.
O que é certo, é que apesar das nítidas influências que a banda não esconde, e que sabe trabalhar, eles produzem um som que tem uma marca própria. Os Rose Buttons não criam uma música sempre em linha recta. Sabem variar na altura certa, dando um maior colorido á sua arte. São frontais. Têm inspiração e sabedoria para saber contornar obstáculos. E mais importante que tudo criam temas cativantes.
Como eles dizem: “O futuro é cor-de-rosa”. Digo eu, o futuro tem mais cores e passa por Évora. Cor-de-rosa sim, porque não faz mal nenhum sonhar, quando se tem talento.

Nuno Ávila

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