João Afonso apresenta o seu quarto trabalho de estúdio, intitulado «OutraVida». Após as edições de «Missangas», «Barco Voador» e «Zanzibar», o músico português tenta consolidar um estilo e parte em busca de pequenos desviosestilísticos.
O quarto tomo a solo de João Afonso estreita-se com o conceito de consolidarum estilo. Se num primeiro disco, um artista apresenta o seu manifesto, tentando consolidá-lo no momento seguinte. O terceiro disco funcionará comouma definição quanto à validade do artista. O quarto álbum será, ou apartida definitiva para outros conceitos, ou altura para consolidar a sábia tarefa de recriar um imaginário proposto nas três obras anteriores.
João Afonso cumpre a última tarefa. Adopta no último trabalho um misto de conservadorismo aparente, para num subtexto musical apresentar outras roupagens, que não as circundantes ao registo de voz e viola acústica. Apresença mais clara de piano, talvez até pela presença em estúdio do pianista/produtor João Lucas, constitui por certo um dos pontos mais salientes do disco. Assim como a guitarra eléctrica, ou o clarinete, por exemplo, adquirem um novo espaço dentro da obra de João Afonso.
Como parceiros, João Afonso volta a ser criterioso. A incansável voz deFilipa Pais volta a ser convocada para mais um disco. Luís Pastor perfilacom João Afonso. Este, faz uso da poesia de Mia Couto, num disco queapresenta um inédito do tio Zeca Afonso («Bombons de Todos os Dias»). Tema esse que na estética de João Afonso surge menos duro do que no formato do seu tio, fazendo sobressair uma melodia em velocidade de cruzeiro.
O percussionista José Salgueiro e o baixista Yuri Daniel são outras das estrelas presentes num trabalho de um artista, que desta feita, procura fugir de referências inevitáveis, para se aproximar de uma identidade queainda não está consolidada.
Pombal e todos aqueles que se desloquem ao Café Concerto no próximo dia 16(sexta) irão ter o privilégio ouvir muita música de qualidade num ambiente fantástico como é o do Café Concerto.
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