segunda-feira, 10 de julho de 2006

München - “Fala Mongue” (Edição de Autor)



Não sei por onde começar. É difícil de caracterizar a música que tocam os München. Vou pegar num excerto de um texto enviado pela Bor Land. Reza assim: “É o som de uma nova urbanidade acústica. Servem os palavrões para dizer que esta música tresanda a mecanismos de precisão enferrujados e por isso doces. São cordas em desuso e precursões em multiusos”.
Os artistas que dão corpo a este projecto, descendem de formações de pendor mais rock, e às tradicionais ferramentas que vestem o som que sempre praticaram, juntam uma melódica, um ukelele, uma guitarra de plástico, uma viola d’arco, um xilofone, um cavaco, um órgão, um violoncelo, um contrabaixo e um acordeão.
Por aqui encontramos entre outros Bruno Duarte e Mariana Ricardo.
Com todo este leque de instrumentos o som que brota deste registo, e que já perfumava o primeiro EP (novo talento FNAC) oferecido com o Blitz, prima por ser original.
É um som que por momentos nos lembra a música tocada pelo francês Pascal Comelade, senhor que adora tocar instrumentos de brincar. Apenas o tema 4 cheira a rock. Os restantes seriam ideais para a banda sonora de um filme sobre a máfia rodado na Cecilia.
Por vezes experimental, outras a suar desengonçado, outras ainda a saber a música para bebés, este registo “primeiro estranha-se e depois entranha-se”. Sim, porque é preciso ouvir este disco mais do que uma vez para descobrir toda a riqueza que esconde. É um registo feito de pequenos pormenores que se vão descobrindo a cada audição. Mas depois, esta música entra em nós com tamanha força que é difícil resistir ao seu encanto.
“Fala Mongue” acaba por ser muitas coisas ao mesmo tempo. Nunca se perde. Não se desvia dos seus princípios. Inova. Recria. Cria uma nova sonoridade. Porque afinal ainda se pode inventar alguma coisa no seio da música.
E é por isso que os München são um grupo a reter. Porque perceberam que faz todo o sentido ser diferente. Mas eles não são assim só por vaidade. São assim porque a sua veia criativa os “obriga” a tal.
Descubram então este disco e este som desconcertante. Sim, porque esta musica parece avariada. Faz lembrar o som saído de uma caixa de música, com uma bailarina a dançar. Traz a nossa infância lá dentro.
Resta então dar corda à grafonola e deixar o som dos Müchem invadir o ar.

Nuno Ávila

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