segunda-feira, 2 de outubro de 2006

Bunnyranch - “Luna Dance” (Transformadores)



Para inicio de escrita convém que fique bem claro que “Luna Dance” é um bom álbum de rock.
Feito este esclarecimento posso agora partir para o restante desta critica, sem medo que me atirem alguma pedra.
Em primeiro lugar, é bom frisar, que apesar de estarmos perante um excelente disco de rock, que os Bunnyranch têm em “Luna Dance” um registo que fica um ou dois furos abaixo dos anteriores.
Os motivos para que tal aconteça, são fáceis de alcançar. Em primeiro lugar a mudança de editora, que levou a banda de Coimbra, a registar o disco noutro estúdio, utilizando outros processos de gravação.
O som dos Bunnyranch, quer-se bruto. Quer-se cru. Directo. Tipo murro no estômago. Aqui, muitas vezes, as arestas foram limadas demais, saltando cá para foras notas muito polidas. Este som está em muitos casos limpo demais. Falta uma maior agressividade. Neste aspecto, as três canções finais ganham em relação ao restante do disco.
Depois temos a registar a saída das teclas de Filipe Costa e a sua substituição por João Cardoso. Apesar de João Cardoso ser um dos melhores teclistas portugueses, sente-se que ainda está algo tímido dentro dos Bunnyranh.
As malhas tocadas por Filipe Costa eram mais vivas, tinham muitas vezes um papel principal dentro da banda, dando aquele toque tão original aos Bunyranch.
Em “Luna Dance”, apesar de se sentir a presença do teclado, falta em muitas canções mais espaço para que ele possa brilhar.
Contudo, “Luna Dance”, continua a ser um disco que cativa, colocando os Bunyranch, num patamar elevado. É que, por estes lados não se encontram, bandas tão frontais. Que se entreguem tanto. E isto meus amigos, é meio caminho andado para fazer deles um grande grupo.
Quanto à carne que reveste as músicas, ela volta a vir dos mesmos prados. Ou seja, os Bunnyranch transportam para o seu som décadas de rock’n’roll - 50’s, garage, blues, psicadelich, soul, punk e muito rock. Tudo misturado na dose certa.
Criado sob o efeito da lua, são eles que o afirmam, este disco vai buscar o seu nome a uma casa mal afamada, que recentemente fechou em Coimbra.
De facto o rock dos Bunnyranch, tem ar de banda sonora, para bares de beira de estrada invadidos por homens que lá chegam montados em grandes motas. É um rock enfeitado com poeira.
Pois, já o disse, este é um excelente disco de rock, que se vai infiltrando cada vez mais em nós à medida que o escutamos repetidamente. O murro que acerta no estômago não tem a devida força. Temos que levar mais alguns para começarmos a ficar zonzos. Só assim sentimos o poder deste registo.
Com “Luna Dance” os Bunnyranch não conseguem chegar ao topo, mas ficam lá bem perto. Nada que em palco não se corrija.
A lua fica quase aqui… ao virar da esquina. Por isso toca a dançar…


Nuno Ávila

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