segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

Oioai - “Oioai” (EMI)



Para quem, como eu, conhece as duas primeira demos da banda, este primeiro registo, não surpreende. Dito assim a coisa parece cruel. Passo a explicar-me. Não surpreende pois nestes 12 temas estão patentes todas as qualidades que me tinham já feito gostar deste som. Igualmente, porque, tirando um ou outro arranjo, temos por aqui uns Oioai, iguais aos Oioai de sempre.
Deve-se então recomendar primeiramente este CD a todos aqueles que ainda não tiveram oportunidade de se cruzar com a banda. Ou a todos aqueles que não lhe prestaram a devida atenção. Depois vimos nós aqueles que querem, comprando este CD (que sai apenas em Janeiro para as lojas; para já só via net.), presentear uma banda que tem da música uma ideia simples e concreta.
Os Oaoiai criam pedaços genuínos de rock. Cantado em português. Ao escutarmos as letras, ficamos com a ideia que parece fácil escrever na língua de Camões. Mentira. Pedro Puppe é um mestre a jogar com as palavras, criando momentos de puro surrealismo. Atente-se na letra do tema de apresentação “Sushibaby“. Deliciosa mais que as cerejas…
O disco abre com quatro doces canções. De uma colheita já conhecida. Depois quatro temas em estado bruto. Zona mais rock do disco. Para o fim mais quatro temas saltitantes, onde as guitarras se deixam embeber por um algodão doce pintado de cor de rosa. Estamos assim perante um disco circular, que gira sobre si mesmo como um carrossel.
Ao escutar-se este registo, salta aos nossos ouvidos a ideia de que apesar de os bons meios de gravação ao alcance da mão, a banda não desejou abusar do estúdio. Ainda bem, pois desta forma não se perde aquele lado mais cru (no bom sentido) e mais directo ao coração do som dos Oioai. Este registo tem assim, estúdio quanto baste.
Por tudo isto, e apesar de encontrarmos nesta rodela referências a uns Xutos & Pontapés e a um Jorge Palma, sabe bem escutar estes Oioai, que por aqui se apresentam já em estado adulto, sabendo contornar bem a fonte que alimenta a sua criação, para trazerem junto de nós algo de seu.
Toca então a entrar sem medo no “Jardim das Estátuas”, para no fim nos aquecermos numa “Fogueira a Arder”.

Nuno Ávila

Sem comentários: