sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Old Jerusalem – “The Temple Bell” (Bor Land)




Francisco Silva tem arte cravada no corpo. Tem uma veia artista que nunca seca. Tem talento. De disco para disco sempre a mesma beleza estampada num conjunto de canções que nos arrepiam a espinha.
Chega agora o terceiro disco de Old Jerusalem. São onze canções para dias de chuva. Sons que nos passam rente à pele. Melodias que nos enchem a alma.
A mesma inspiração de sempre. A folk das áridas paisagens americanas. O pó da estrada humedecido pelos pingos do orvalho da manhã traz um cheiro a natureza. Um pássaro poisa no beiral da janela para logo a seguir levantar voo.
De novo a cumplicidade de Paulo Miranda, amigo dos Unplayable Sofá Guitar. Paulo produz, este "The Temple Bell" de forma leve, deixando a guitarra e a voz de Francisco tomarem conta da paisagem. Pura filigrana.
E o passar dos dedos nas cordas da guitarra a provocar calafrios. E os simples arranjos, aqui e ali a vestirem uns temas mais que outros, a darem colorido singular a este quadro. Tudo muito simples para que a música consiga respirar.
Este terceiro disco dos Old Jerusalem não é melhor nem pior que os seus antecessores. Igualmente tão bom como eles, que dá vontade de o estar sempre a ouvir. Por isso, a certeza de que " The Temple Bell" vai ser candidato a um dos melhores do ano. E ainda faltam 10 meses.
Francisco Silva é um cantatautor que tem uma forma muito peculiar de estar. Com a sua guitarra, e às vezes só com ela, ora cantando ora sussurrando palavras, cria pequenas obras de arte intemporais.
Este disco começa com três temas mais pop, mais arranjados. "Dayspring (go to sleep, now)", quase nos lembra uns Tindderstiks .
A partir de "Grasshoppers" Francisco Silva abraça a sua guitarra com mais força para criar momentos ainda mais íntimos, que nos adoçam o coração. A guitarra e a voz estão mais presentes. "Boxes" acaba por ser uma excepção. Alguns adornos a enfeitarem as músicas. Mas aqui muito mais discretos.
Podia estar para aqui horas a fio a gastar adjectivos. Tudo é pouco para falar deste disco. A urgência do escutar é muita. Por isso deixem-me repousar a mente ao som dos Old Jerusalem. Fechar os olhos e partir em viagem.

Nuno Ávila

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