domingo, 25 de março de 2007

Mundo Cão - "Mundo Cão" (Som Livre)



Mundo Cão nasceu da veia criativa de Miguel Pedro, baterista dos Mão Morta. Músicas que ia criando, e que não cabiam dentro da discografia da sua banda de sempre. Para o acompanhar nesta aventura convidou o guitarrista Vasco Vaz companheiro dos Mão Morta, Buda guitarrista de Monstro Mau, o actor Pedro Laginha para cantar e Nuno Canoche para o baixo. As palavras cantadas saíram todas da pena de Adolfo Luxúria Canibal.
Ficou assim composto o palco para a primeira apresentação pública de Mundo Cão. Um conjunto de personagens que soube encarnar na perfeição este seu novo papel.
Ao entrarmos neste Mundo Cão levamos logo uma injecção de “Morfina”, que mos atordoa e nos deixa completamente agarrados a este som. Estas canções viciam.
Estamos perante um dos melhores discos de rock cantado em português que nos foi dado a escutar nos últimos tempos. Rock musculado, assente essencialmente nas duas guitarras. São 10 temas e uma experimentação final, que ora com mais pujança, como em “Caixão da Razão”, ora com a doçura do excelente “A Noite Na Cidade”, nos provam que é possível fazer bons discos sem inventar muito. As coisas simples são por vezes as mais apetecíveis.
Assim de repente sinto estes Mundo Cão perto de uns Um Zero Amarelo. Bandas que sabem vestir o rock com guitarras endiabradas e palavras certeiras. Contudo, os Mundo Cão, ficam um passo à frente dos companheiros, muito por culpa de uma voz, a de Pedro Laginha, encorpada e que dá uma alma singular ao conjunto final.
Mundo Cão, vem acima de tudo provar, que apesar de se terem carreiras equilibradas, não se devem desperdiçar as pingas de talento que nos fazem bater o coração. É urgente deitar a arte para fora. Foi isso que fizeram estes músicos para nosso deleite. Souberam por na rodela de lazer todo o seu engenho, rodeando-se dos amigos certos no momento certo. Adolfo é um mestre das palavras, Nelson Carvalho é um artista dos botões.
Já é mais que certo que vivemos nos dias que correm num mundo cão. Só que agora neste Mundo Cão dá mais prazer habitar.

Nuno Ávila

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