Depois de ouvir o novo registo de Jorge Palma sinto uma certa dificuldade em analisar o seu conteúdo. Existem no entanto, duas maneiras obvias de contornar esta questão.
A primeira, é a de colocar “Voo Nocturno” numa prateleira lado a lado com a mais recente produção nacional. Olhado deste prisma, podemos dizer que este disco, mesmo não sendo das obras mais estimulantes que nos foram dadas a ouvir nos últimos tempos, se encontra acima de muita da mais recente colheita. Podemos mesmo afirmar que é um disco muito razoável.
Mas por outro lado, se compararmos “Voo Nocturno” com todos os discos que Jorge Palma produziu até hoje, aí a coisa muda de figura e o cd perde muito peso. Em “Voo Nocturno” Jorge Palma não está tão inspirado como dantes. A escrita musical está mais insossa, e as letras em alguns casos perderam alguma da inspiração que fazia de Jorge Palma um dos grandes poetas da nossa canção.
No entanto, o que ainda me faz aconselhar a escuta deste registo é o fato de, o Jorge Palma de outros tempos ainda se conseguir descobri em alguns momentos deste disco. Escutem por exemplo “Encosta-te a Mim”. E depois porque a findar o disco, escondido na bruma, aparece Jorge Palma a cantar em inglês. Coisa rara.
“Voo Nocturno” é assim um registo com altos e baixos, tal e qual o voar de um pássaro. Podemos mesmo afirmar que estamos perante um disco assim assim. Um disco que tinha tudo para ser grande, mas que se fica muitas vezes pelo querer, sem agir.
Por fim, e para que não restem duvidas, isto tem que ficar escrito: Jorge Palma continua a ser um dos maiores vultos da musica nacional. E não tardará muito a levantar de novo voo rumo a um lugar que é seu por direito.
Nuno Ávila
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