quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Clã - "Cintura" (Emi)




Uma cintura. Esbelta. Charmosa. Que bamboleia com muita sensualidade. Um grande jogo de cintura, poderei dizer mesmo.
A quem pertence tão distinta "cintura"? Aos Clã. A banda passeia a sua "cintura" com enorme classe. Quase como se estivessem em cima duma passerelle, desfilando o seu melhor fato. Uma daquelas criações arrojadas que escondem bocados de pele, mas que igualmente deixam umas partes do corpo visíveis, prontas a atormentar o nosso espírito.
A equipa que esculpiu esta "cintura" volta a ser a mesma que já tinha dado forma a "Rosa Carne". As palavras de Arnaldo Antunes, de Carlos Tê, de Adolfo Luxúria Canibal, de Regina Guimarães e de Hélder Gonçalves. As composições de Hélder Gonçalves, que se volta a mostrar como um dos mais credenciados autores e acima de tudo como um homem de arranjos sublimes, transportando para as músicas pequenos grandes pormenores. O estúdio volta a ser o de Mário Barreiros que de novo empresta o seu talento aos Clã.
Primeira constatação: apesar de ter um excelente single de apresentação de nome "Tira a Teima", "Cintura" não é um disco de um só tema. Aliás "Cintura" é um disco no seu todo, com 12 faixas a valerem todas por igual. "Tira a Teima" tem a mestria de ficar mais facilmente no ouvido, sendo um condimento muito bem escolhido para mostrar este prato.
"Cintura" é um disco mais pop que rock. Segue o caminho trilhado em "Rosa Carne". Corre ao lado de "LusoQualquerCoisa". Não tem temas tão expansivos como " Kazoo" ou" Lustro", que mostram quase sempre o lado mais rock do grupo. Não quero com isto dizer, que "Cintura" seja melhor ou pior que qualquer dos registos anteriores da banda. Os Clã não sabem fazer maus discos. E ponto final!
"Cintura" é um disco mágico. Inebriante. Fino. Mostra-nos um punhado de composições feitas com ideias que identificamos como pertencentes apenas aos Clã. Eles são uma banda de estilo muito próprio, e que não se distingue apenas das demais pela voz meia rouca de Manuela Azevedo. Têm uma forma muito própria de escrever música e de escolher quem a decora com palavras.
Pois sim esta "Cintura" vai ficar para sempre marcada na minha memória. Sustenta um corpo adulto, adornado por notas musicais e belas palavras que se colam à pele. Pego neste corpo, levo-o comigo para o meu quarto. E fazemos amor a noite toda. Porque este disco tem corpo de mulher.


Nuno Ávila

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