Tem razão Adolfo Luxúria Canibal ao escrever no press release dos peixe: avião, que será errado olhar para este projecto de Braga, como sendo apenas uns meros seguidores dos Radiohead.
Mas verdade seja dita, que mais de metade da sua inspiração vem da escuta do álbum “Ok Computer” e de outros dos Radiohead. No entanto, e como escreve o vocalista dos Mão Morta os peixe: avião vão buscar igualmente alimento a outros projecto. Grupos esses a onde já uns Radiohead iam “roubar” vitaminas para crescer. Fala ele nuns Pink Floyd de Syd Barrett, nuns Van Der Graaf Generator de Peter Hammill, ou no krautrock dos Faust ou dos Neu!. Eu sou levado a acrescentar o nome de um projecto um pouco mais recente: Sonic Youth.
Se escutarmos com atenção “40.02” vimos que todos os nomes apontados são fonte de prazer para os peixe : avião, que neles buscam a dose certa de inspiração para caminhar. Porque o que nos encanta aqui é a quase singularidade deste projecto, trazida sobretudo pela forma de escrever as letras em português e de as encaixar na musica. E verdade seja dita, não existe muita gente a escrever assim.
Mas aqui a certeza é só uma, os peixe : avião são portadores de uma obra que cresceu na altura certa e desabrochou porque foi bem regada. Casos destes não existem muitos. Assim de repente salta-me à cabeça o nome de Linda Martini, projecto que se passeia pelas mesmas estradas destes peixe : avião. Nomes que a Rastilho Records sobe trabalhar no devido momento, não deixando a expectativa morrer. Já os Veados com Fome não tiveram a mesma sorte.
Quanto ao disco, só vos posso dizer que estamos perante um dos mais inspiradores registos que a musica portuguesa nos ofertou nos últimos tempos. Um diamante em bruto, onde as guitarras se envolvem com uma voz que nos oferece excelentes palavras.
E depois, um disco que tem dentro de si um tema como “Barbitúrica Luz”, em que apenas a voz nos enche a alma, tem de ser mesmo grande. Isto só prova que os peixe: avião têm capacidade e engenho para nos surpreenderem, e que não têm medo de arriscar.
Com este seu primeiro registo a banda mostra que tudo o que dela se disse e escreveu no final de 2007 tem fundamento. Estavam mais que certas todas as apostas.
O futuro deles é brilhante. O peixe cresceu, ligou o motor do avião e agora pode voar ainda mais alto.
Nuno Ávila
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