terça-feira, 4 de novembro de 2008

NOVO ÁLBUM DOS TAXI EM 2009




Quando começaram, em 1979, ainda sob a síndrome efervescente do 25 de Abril, os táxis eram pretos e verde alface, a bandeirada devia rondar os cinco escudos e 99% dos taxistas ostentava um orgulhoso e farfalhudo bigode que roçava amiúde com o galhardete a pender do retrovisor.

Os tempos mudaram. Portugal também mudou um pouco. Os galhardetes são uma grata recordação retro, mas os Taxi souberam acompanhar essa mudança apresentando-se agora com uma nova roupagem, ainda que mantendo o código genético que fez deles um dos nomes históricos do Rock.

O primeiro trimestre de 2009 marca o regresso aos álbuns da banda/charneira do Rock Português que tantos e tão bons momentos proporcionou a toda uma geração, nunca caindo no esquecimento graças a uma ousadia seminal, ironia e sarcasmo “qb” num país que ainda vivia amordaçado pelo nacional-cançonetismo e uma boa-disposição rara e politicamente incorrecta no Portugal de então.

O álbum homónimo, de 1981, ostenta o epíteto de primeiro álbum de rock português a atingir a marca de disco de ouro o que, por si só, já lhes garantia um lugar na história (“Ar De Rock”, de Rui Veloso, não logrou tamanho feito, apesar de lançado um ano antes). Mas a banda do Porto nunca viveu para a estatística, antes para a música cuja matriz viria a influenciar toda uma geração de novos músicos portugueses. Quem não conhece os temas “Chiclete” e “Rosete” andou emigrado ou é um lisboeta bairrista que não aceita nada que venha do Norte (e veio muita coisa boa, nessa altura).

Um ano depois, sai para as lojas o emblemático “Cairo”, verdadeira “pièce de résistance” de marketing aplicado à música portuguesa (outro trilho desbravado pelos Taxi). A caixa de alumínio em que era vendido numa primeira edição transformou-se num objecto de colecção e quase ofuscava o mais importante: a música. Dizemos "quase" porque é impossível ficar imune ao tema-título, bem como o “Fio da Navalha” e “Hipertensão”. Antes como agora, o álbum continua a soar a novidade ao ponto de o Jornal Público o ter considerado como “um dos melhores de sempre da música portuguesa”.

Em 1983 a banda espreita a internacionalização. O álbum “Salutz” leva a banda a palcos de toda a Europa, onde são recebidos de forma entusiasta pela crítica e pelo público. Na senda da continuidade e da descoberta das composições em Inglês, os Taxi gravam “The Night” em 1987, o derradeiro álbum integralmente cantado na língua de Shakespeare.

Seguiu-se um hiato de quase duas décadas, regressando em 2006 para uma actuação nas comemorações dos 25 anos do programa radiofónico Febre de Sábado de Manhã. A reacção popular foi tão positiva que se tornou evidente que o público sentia a falta deles. E eles sentiam a falta do público.

Dessa química tão especial nasceu o desejo de regresso ao estúdio e às composições originais.

Os Taxi não perderam o olho clínico e a capacidade de mergulhar na sociedade portuguesa, mas entregam-se cada vez mais à análise íntima e à partilha de histórias. Embarque nesta viagem com destino incerto (deixe-se levar), mas em muito boa companhia.

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