segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Suarez - “Blue Note” (Covil Produções)




Ao segundo disco Suarez resolve fazer diferente. Como ele afirma,”aqui não há samples, mas há mensagem. Não há loops, mas há música!”
Trocado por miúdos, podemos dizer que estamos na presença de um disco de rap acústico. Um registo que por não se vergar ao lado mais electrónico, nos apresenta assim momentos doces e cândidos que em alguns casos bem perto estão do soul. “Blue Note” tem guitarras. Tem um contrabaixo. Tem harmónica. Tem bateria. E até tem trompete. Tudo bem real, tocado por músicos de carne e osso.
De facto aqui há musica e palavras fortes, que ganham ainda mais significado por estarem mais livres para voar. Suarez mais uma vez brinda-nos com a sua escrita corrosiva.
Não são totalmente desconhecidos todos os temas deste disco. Suarez, pega em algumas musicas de “Visão De Um Estranho”, dá-lhes uma nova roupagem e junta-as com algumas novas criações. Ao escutarmos temas como “2006 Quilogramas de Cultura” ou “Álbum de Fotografias”, encontramos melodias que despidas de batidas mais fortes, se mostram deliciosas, e nos provam que são de facto grandes canções. Aliás, já o eram no outro formato. Só que agora assim, quase inocentes, agarram-se com uma rapidez ao nosso corpo, que nos enternece.
“Blue Note”, por ser um disco inovador, ganha pontos. Ganha pontos por consegui provar que o rap pode ser visto e criado de diversas maneiras, sem perder a sua essência. E por fim ganha pontos, por aqui não se manter num formato estanque e conseguir driblar da melhor maneira uma quantidade de regrar que pareciam já estar totalmente instituídas.
Suarez, mostra-se assim um músico completo, aqui rodeado de novos talentos e de artistas, com longa carreira como por exemplo Nuno Faria. Tudo somado, faz com que “Blue Note” seja um disco de grande valor.
Inesperado? Sim! “Blue Note” é um disco com que não contamos. Estranho? Sim, quando o ouvimos pela primeira vez. Belo? Sim, cada vez mais, audição após audição.
Por isso amigos deixem-se levar e pensem que o rap pode já não ser o que era. Mas verdade seja dita, não deixa de ser rap!



Nuno Ávila

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