Electric Willow – "Majestic Lies" (Honeysound)

Sinto os dedos atados sem força para teclar. Não quero escrever aquilo que tem de ser dito. Porquê? Em primeiro lugar, porque considero os Electric Willow um bom projecto. Depois, porque este disco contem algumas excelentes canções, caso do single de apresentação “Blunders”. Por fim, porque que José Arantes que gravou, masterizou e junto com o vocalista Cláudio Mateus produziu este disco tem já muito boas provas dadas. Escute-se o segundo registo dos La La La Ressonance para comprovar.

Mas então o que aconteceu aqui? Em “Majestic Lies” estamos perante um naipe de boas canções pop, que morrem por causa de uma produção e masterização que não lhe dão mais brilho. Sou levado a pensar que a gravação deste disco feita num estúdio móvel, numa sala improvisada, poderá de alguma forma ter contribuído para este resultado final.

O som está quase sempre mortiço, o baixo ouve-se a espaços e a bateria tem um som que muitas vezes não parece ser o seu. A voz, essa está quase sempre lá, bem assim como as guitarras, o que acaba por ser pouco no resultado final. Escute-se “Freelance Ballerina” para melhor se compreender aquilo que escrevo.
Se bem me lembro, Cláudio Mateus tinha já sentido esta mesma agonia por altura da gravação do último registo dos Caffeine, seu anterior projecto. Esperemos que aqui o resultado seja diferente e o grupo não esmoreça.
Mas como disse existem por aqui algumas pérolas, som que deve muito à pop de 80. São canções que nos trazem de novo à mente o som fresco de uns Felt, Orange Juice, Go-Betweens ou Lloyd Cole And de Comotions. Belíssimas referências por tanto.
E bolas, aqui existe talento! Mas porque raio as coisas tinham de correr assim?! Se calhar houve falta de atenção. E estes erros podem pagar-se caro.
Resta deixar uma palavra de alento aos três músicos e ao técnico para que continuem o seu bom trabalho, porque em palco eles já mostraram tudo aquilo de que são capazes.
Resta portanto ter fé no futuro…


Nuno Ávila