
Anaquim de molas nos pés saltando de um lado para o outro. Irrequieto como qualquer miúdo. Personificação perfeita das criações de José Rebola. Companheiros de viagem: João Santiago, Pedro Ferreira, Filipe Ferreira e Luís Duarte.
Anaquim, nasceu em Coimbra a 24 de Abril de 2008 no Festival Santos da Casa. Cresceu saudável. Agora emancipa-se e corre país fora à procura de novas aventuras.
Como o boneco de molas nos pés, também a música do grupo é saltitona e bem disposta.
São criações saídas da alma de José Rebola a que os restantes amigos dão as roupagens mais certeiras. Sons que não deixam esconder o melhor lugar onde vão buscar força para viver. De um lado da mesa um copo de sons bem portugueses, na outra ponta um taça a transbordar melodias francesas. Ao centro um prato de deliciosos petiscos a acompanhar.
José Rebola não esconde o seu carinho por Ornatos Violeta, José Mário Branco, Fausto, Zeca Afonso e essencialmente Sérgio Godinho a quem “sampla” um excerto de uma musica em “ Na Minha Rua”. Depois também não nega o seu amor pelas valsas francesas. “Chama-me Vida” é disso um exemplo. E claro que não deixa de nos mostrar o quanto gosta de Yann Tiersen e do som que o popularizou na banda sonora do extraordinário “O Fabuloso Destino de Amelie Poulain”. E quase inconscientemente na faixa “Pobre Velho Louco” presta tributo aos fantásticos Belle Chase Hotel.
Mas estas músicas escondem muito mais. Não negam estas referências, buscam outras para assim crescerem com uma identidade muito própria. Saltam-me agora ao ouvido restos de polka em “Saltimbanco”, também regado com umas pingas do melhor que o Brasil tem. Anaquim transporta assim na sua sacola um som muito próprio.
Pedaços de música ornamentados com textos na língua de Camões que como o nome do registo indica nos contam histórias da vida dos outros. Da tua, da minha, da deles… Escrita certeira e raras vezes aplicada assim à musica. Mais uma vez Sérgio Godinho a ensinar como se faz, e claro Manuel Cruz.
Um dos momentos altos do disco está guardado na faixa “O Meu Coração” em que Rebola dialoga com Ana Bacalhau dos Deolinda. Momento, que como não podia deixar de ser, roça o lado mais fadista do povo português.
Apesar de parte dos temas deste registo já fazerem parte do EP de estreia do grupo, e de todos eles já terem pisado importantes palcos, não é por isso que este “As Vidas dos Outros perde o seu interesse. Nada disso! Estamos perante um registo completo, com uma alma muito singular.
Um disco fácil de digerir. Que como se diz na abertura, não ataca o estômago. Por isso façam o favor de o deglutir em doses elevadas.
Nuno Ávila
Anaquim, nasceu em Coimbra a 24 de Abril de 2008 no Festival Santos da Casa. Cresceu saudável. Agora emancipa-se e corre país fora à procura de novas aventuras.
Como o boneco de molas nos pés, também a música do grupo é saltitona e bem disposta.
São criações saídas da alma de José Rebola a que os restantes amigos dão as roupagens mais certeiras. Sons que não deixam esconder o melhor lugar onde vão buscar força para viver. De um lado da mesa um copo de sons bem portugueses, na outra ponta um taça a transbordar melodias francesas. Ao centro um prato de deliciosos petiscos a acompanhar.
José Rebola não esconde o seu carinho por Ornatos Violeta, José Mário Branco, Fausto, Zeca Afonso e essencialmente Sérgio Godinho a quem “sampla” um excerto de uma musica em “ Na Minha Rua”. Depois também não nega o seu amor pelas valsas francesas. “Chama-me Vida” é disso um exemplo. E claro que não deixa de nos mostrar o quanto gosta de Yann Tiersen e do som que o popularizou na banda sonora do extraordinário “O Fabuloso Destino de Amelie Poulain”. E quase inconscientemente na faixa “Pobre Velho Louco” presta tributo aos fantásticos Belle Chase Hotel.
Mas estas músicas escondem muito mais. Não negam estas referências, buscam outras para assim crescerem com uma identidade muito própria. Saltam-me agora ao ouvido restos de polka em “Saltimbanco”, também regado com umas pingas do melhor que o Brasil tem. Anaquim transporta assim na sua sacola um som muito próprio.
Pedaços de música ornamentados com textos na língua de Camões que como o nome do registo indica nos contam histórias da vida dos outros. Da tua, da minha, da deles… Escrita certeira e raras vezes aplicada assim à musica. Mais uma vez Sérgio Godinho a ensinar como se faz, e claro Manuel Cruz.
Um dos momentos altos do disco está guardado na faixa “O Meu Coração” em que Rebola dialoga com Ana Bacalhau dos Deolinda. Momento, que como não podia deixar de ser, roça o lado mais fadista do povo português.
Apesar de parte dos temas deste registo já fazerem parte do EP de estreia do grupo, e de todos eles já terem pisado importantes palcos, não é por isso que este “As Vidas dos Outros perde o seu interesse. Nada disso! Estamos perante um registo completo, com uma alma muito singular.
Um disco fácil de digerir. Que como se diz na abertura, não ataca o estômago. Por isso façam o favor de o deglutir em doses elevadas.
Nuno Ávila
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