segunda-feira, 26 de abril de 2010

Mazgani - “Song Of Distance” (Vachier Associados)



Dizer que a carreira de Mazgani ganhou um novo impulso desde que se aliou a Pedro Gonçalves dos Dead Combo, não é dizer mentira nenhuma. Contudo, convém salientar, que já antes da saída do EP “Tell The People”, Mazgani nos apresentava temas de fino recorte e discos que nos prendiam a atenção da primeira à ultima faixa.
O que a mestria de Pedro Gonçalves veio trazer aos sons compostos brilhantemente por Mazgani, foi uma nova forma de os vestir. Pedro Gonçalves encaixa-se perfeitamente nestes sons produzindo este disco da melhor forma e conseguido alguns bonitos arranjos para os temas.
O que de facto acontece depois desta união é que a música de Mazgani ganha agora tons mais blues, pairando sobre ela o espírito do mestre Tom Waits. Agora estes notas são menos pop, que os do primeiro registo. Mas não perdem totalmente esse seu lado…
Este som tem cheiro a terra e destila cores pardacentas. Daí que olhar para a capa do cd é perceber desde logo ao que vimos.
A colheita aqui apresentada é muito rica. Temos aqui, nove temas novos e regravações das cinco faixas que faziam parte do EP saído na colecção Optimus Discos. Temos aqui, um conjunto de canções que não negam as raízes. Que se agarram a elas, para crescer, sem as desprender da terra. E que nos dizerem que é dali que se alimentam, e que dali partem para crescer livres e à sua maneira.
E logo ao abrir o embrulho ficamos encantados com “Song Of Distance”. E continuando a audição percebemos a forma como Mazgani se entrega a cada um destes pedaços de vida. Ele está aqui de corpo e alma. Mostra-se de forma frontal. Sem rodeios!
Mais uma vez Mzgani prova que a sua música é um bem que devemos preservar para todo o sempre. Mesmo que por vezes pareça que isto já foi feito. Não é daí que vem mal ao mundo. Porque estas canções não partem da novidade. Estão engarrafadas em pipas com anos de colheita. Daí Mazgani retira o melhor vinho para ornamentar a sua criação.
E podem querer, meus amigos, que isto sim é saber que só os mais expeditos neste assunto carregam nos copos que suavemente levamos á boca para deleitar a nossa alma.

Nuno Ávila

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