Tenho a vaga ideia de em 2004, por altura da saída do álbum “Nus” ter escrito qualquer coisa semelhante ao que a seguir vou dizer.
Os Mão Morta não sabem fazer maus discos! Contudo, devemos olhar para este seu novo registo de dois modos diferentes. E aí temos duas teses distintas.
Primeiro, se analisar-mos este “Pesadelo em Peluche” comparando-o com a restante discografia da banda, resulta que temos um disco que não acrescenta nada à vida dos Mão Morta. Um disco onde falta arriscar. Onde falta não se acomodar a formulas já tantas vezes usadas. Falta aqui alguma experimentação. Falta aqui fazer diferente, como acontece no anterior disco gravado ao vivo “Maldoror”.
Visto deste prisma, podemos afirmar que temos aqui um disco morno, com canções que nos fazem aqui ali lembrar outras já anteriormente compostas.
Mas se por outro lado olharmos este novo disco dos Mão Morta à luz daquilo que se vai fazendo por este país fora, podemos categoricamente afirmar que estamos perante um registo acima da média geral. Especialmente porque não existem neste país pessoas a escrever como Adolfo Luxúria Canibal.
Somando estas duas partes, podemos afirmar que “Pesadelo de Peluche” é um disco com alguns rasgos de inteligência, que no entanto não são suficientes para fazer dele um grande disco. Até porque tendo aqui havido várias mãos a produzir, e tendo sido este disco gravado em estúdios diferentes, resulta que existem aqui canções melhor finalizadas que outras.
O que ainda nos faz seguir a carreira dos Mão Morta, passados estes 25 anos, é o facto de que em palco eles continuam a ter aquela mesma força de sempre. Mais comedidos nas suas performances, que a idade pesa, mas sempre muito bons. E depois, o arrojo que a banda tem de se entregar a projectos como o de musicar e teatralizar os “Contos de Maldoror”-
Continuam a ser uma das bandas de topo da actual musica nacional. Referência incontornável. Fonte de inspiração para muitos. Contudo, se continuam a teimar em se acomodar a um sistema feito de formulas estafadas, podem arriscar-se a perder alguns lugares na lista.
Queremos estes Mão Morta de volta a um passado que nos deram, com os pés assentes no presente, e os olhos postos no futuro. Desfalecer assim é muito pouco gratificante!…
Nuno Ávila
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