segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Lisbon Underground Music Ensemble - “L.U.M.E.” (JACC Records)




Os L.U.M.E são uma big band. Sim, uma big band de jazz. Mas não são uma big banda como as outras. Não tocam os grandes clássicos. Inspiram-se neles para descontruir todo o conceito que estávamos habituados a presenciar nas big bands.
Marco Barroso o maestro e compositor dos L.U.M.E. tem um poder criativo invulgar. Sem receio de trair os mais puristas constrói maioria do tempo “canções” que quase fogem do jazz para mergulharem em campos mais free e onde a experimentação é palavra chave. Se não escutem os samplers que preenchem grande espaço do disco e que dão um cunho invulgar ao conjunto.
Contudo, isto não deixa de ser jazz. Em alguns momentos, os L.U.M.E. regressam ao passado de um jazz que tem nomes como os de Denny Goodman, Dizzy Gillepsi ou Duk Ellington como referência.”Turn Around” é disto um dos bons exemplos.
Mas se num momento os L.U.M.E. quase tocam no passado no instante seguinte, fogem dele a sete pés. “Ignição”, é tudo o que o jazz moderno deve ser. Futurista acima de tudo.
Neste seu primeiro registo os L.U.M.E. apresentam-se perante nós como uma big band a quem devemos tirar o chapéu. Mário Barroso arrisca sem medo. E isso faz com que este disco seja grande. E depois, convém referir, estes L.U.M.E estão servidos por um punhado de excelentes músicos.
Resumindo, estamos assim perante um disco que mistura dixiland, swing, be-bop, funk jazz e free, entre outros, na dose certa. Sem se vincar a nenhum estilo especifico este disco voa livre, pois não tem regras que o amarrem.
Estamos assim, perante um CD quente. Quente como o lume que nos aquece nestes dias frios de Outono.


Nuno Ávila

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