"Alucina são!
Tendo-se decidido a produzir um trabalho e elevando a fasquia para o registo final reproduzir com fidelidade a energia com que nos contagiam em concerto, puseram mãos à obra e surpreenderam todo o MAR com a notícia... está pronto, está aqui!
O seu Novo EP, "CASSETE NO INTERIOR" ??? apresenta 6 temas muito bem ligados pelo poder de ataque e sedução do baixo de Pedro Norte e as baterias bem vincadas do Lourenço, marcação super eficaz do tempo que nos invade o pé enquanto se ouve a obra de uma ponta a outra... num fôlego! Mal nos apercebemos que o pézinho bate o ritmo no chão, já dança a cabeça ao ritmo carregado e esquizofrénico das entradas de guitarra, num contágio corporal evidente e de puro gozo. Os riffs que contém na dose certa a melodia e a progressão enérgica nunca deixam de nos surpreender e é assim a maturidade anunciada de uma banda que se inscreve numa vertente rock and punk interventivo e cativante!
Fábio, letrista assumidíssimo do colectivo, apresenta a sua faceta poética suburbana cada vez mais requintada, levando-nos àquele sorriso cúmplice de quem sabe que ele sabe também,que pensou no que sabemos que ele sabe, aquando da escrita das letras.
Chavões geniais como: "...Haja saúde neste mundo de virtude// Cá p'ra mim a saúde é uma nova doença governamental/ com uma leve tendencia ditactorial/ P'ra gerar a dormencia// Sou um perigo tóxico..." ou no refrão de "Vaivém": "Tédio/ Tédio/ Conta até dez/ Espera outra vez" servem o propósito e nota sarcástica da maioria das letras dos Alucina, sempre maduras e viradas para um conflito geracional interno, patente na geração onde se desenvolveram e cresceram. Como músicos e indivíduos.
Este colectivo sabe de dinâmicas como ninguém. Incita-nos a gritar os refrões para toda a gente ouvir como apetece sempre nos concertos e, seguidamente, embala-nos numa progressão instrumental tensa e bem rendilhada, à espera das entradas fulgurantes da bateria e dos solos alucinogénicos de guitarra... um deleite!
Destacando "Vaivém" e "Perigo Tóxico" como potencias máximas do álbum, nota 20 também para "Locutor de Rádio Nocturno", a letra que nos leva para as horas mortas dentro do carro, numa noite escura de suburbio onde de subito, após as "fragrância vulcânica", se "solta asemântica". O clássico "Cassete no Interior" já não deixa espaço para elogios, uma das letras mais acutilantes da cena rock actual e que cumpre um propósito fascinante e irrefutável... Faz-nos levar realmente esta Cassete no Interior, numa auto-crítica que faz tanto sentido como passarmos o resto do dia a cantar "Toda a gente tem uma cassete no interior/ Toda a gente tem uma cassete no interior/ Quem já não tem uma cassete/ Anda à procura de outra melhor".
Oiçam, gritem, espalhem..."
Gonçalo Miragaia MAR – MOVIMENTO ALTERNATIVO ROCK
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