Tiago na Toca
por Tiago Bettencourt
Tiago na Toca é um projecto à parte – não é um disco, ou um livro, ou um personagem.
É apenas o nome que dei ao conjunto de experiências que faço por intuição ou acaso, distintas dos meus discos de carreira.
São gravações independentes, propostas que aceito, desafios a que me proponho criativamente como exercícios, produções low-fi sem o dedo polidor da produção dos dias que correm.
O conceito será o abrir de uma janela mais pessoal e directa para dentro de “minha casa”.
Através de pequenas edições ou apenas gravações largadas na internet, vou mostrando os outtakes do tempo que corre entre CDs.
No fundo gostava que este projecto se caracterizasse por não ter qualquer definição.
Será o que for, nas alturas em que acontecer, como tiver que acontecer.
Este Tiago na Toca e Os Poetas é um conjunto de poemas que musiquei, em conjunto com algumas versões que gravei no Verão de 2008, entre os Álbuns “O Jardim” e “Em Fuga”.
A ideia foi despoletada por um poema que ouvi, cantado pelo Camané, chamado “O Lenço”, que musiquei de novo e me trouxe a ideia de fazer todo um Álbum de palavras que não eram minhas.
Assim, comecei a minha pesquisa pelos Poetas que me fizeram começar as escrever: Poetas antigos, também Poetas do Fado que tanto me moldou.
O desafio de desvendar emoções, de lhes dar sons, harmonias, novas roupagens... E para isto usar o espaço, a
captação descomprometida, o improviso, o instinto.
As gravações foram feitas na sua maioria em minha casa, com um, ou no máximo, dois microfones.
Convidei pessoas que admiro e músicos com quem gosto de tocar.
Sem ensaios, foi surgindo um dos projectos mais profundos que gravei, pela cumplicidade, pela naturalidade das participações, pela simpatia de quem me visitou.
Este álbum não é para ser gritado e vendido à porta das pessoas. É um álbum discreto, sereno, como um segredo.
Tiago Na Toca
Nasceu depois a ideia de fazer um CD / Livro que materializasse o projecto de forma especial.
Conheci, então algures por Lisboa, o Mário Belém cujo trabalho me fascinou e que acabei por convidar para entrar nesta aventura. Juntos fomos percebendo de que forma poderia ser feito este objecto, fomos visitar alfarrabistas, fui buscar edições antigas de livros de poemas que tinha cá por casa. Tudo o resto foi o Mário e todo o seu talento. Podem saber mais sobre o seu processo criativo no site dele que vos convido desde já a visitar (www.mariobelem.com).
O Tiago na Toca deixou de ser apenas um álbum de música e passou a ser um objecto único, limitado, especial.
Recebi ontem as primeiras edições e fiquei comovido com cada pormenor: desde o papel, ao toque, ao cheiro, desde as ilustrações até ao pequeno envelope que contém o CD, tudo perfeito.
Cada poema está acompanhado de um texto escrito por mim com o relato de cada gravação.
O meu pai escreveu um prefácio.
Este projecto é fruto da simpatia, dedicação e inspiração de muita gente e a todos estou grato.
Assim, dois anos e tal depois da data prevista, o disco ficou pronto.
Espero que gostem, espero que queiram este Tiago na Toca e os Poetas em vossa casa.
Dia 19 de Dezembro está em exclusivo nas lojas FNAC!
Todo o lucro das vendas irá reverter para a Associação Ajuda-me a Ajudar http://ajudameaajudar.org/
A toca fica oca se não sopra ou respira
A faca já não corta se ninguém a afia
O leme fica perro
Se o rumo não desprende a saída é um erro
Na toca o principio nem existe
Cá dentro há gigantes que nos regem como risos q não fingem
É eufórica a alegria
E de sangue a agonia
Porque também se pode querer no que há do outro lado
E é sempre credível um conceito credível
Onde a mão é mais quadrada
E a mensagem estudada e mais limpa do ruído -- como aquelas fotografias onde estamos bem vestidos…
Mas eu gosto do ruído
Eu quero do ruído outras coisas que viajam
Que são espelho do que somos
Como forças à deriva
Que não prendem ou controlam
E são ventos sem vontade...
… mas que não param.
Eu quero a parte fraca
Porque é nela que nos vemos
Desafio a parte forte
Para agarrar no mundo
Quero o medo da coragem
E a coragem de ter medo
Tenho um corte que desvenda
Quero o fruto que se colhe
Pode ser anjo
Ou demónio
Mas na toca não se escolhe
Tiago Bettencourt
É apenas o nome que dei ao conjunto de experiências que faço por intuição ou acaso, distintas dos meus discos de carreira.
São gravações independentes, propostas que aceito, desafios a que me proponho criativamente como exercícios, produções low-fi sem o dedo polidor da produção dos dias que correm.
O conceito será o abrir de uma janela mais pessoal e directa para dentro de “minha casa”.
Através de pequenas edições ou apenas gravações largadas na internet, vou mostrando os outtakes do tempo que corre entre CDs.
No fundo gostava que este projecto se caracterizasse por não ter qualquer definição.
Será o que for, nas alturas em que acontecer, como tiver que acontecer.
Este Tiago na Toca e Os Poetas é um conjunto de poemas que musiquei, em conjunto com algumas versões que gravei no Verão de 2008, entre os Álbuns “O Jardim” e “Em Fuga”.
A ideia foi despoletada por um poema que ouvi, cantado pelo Camané, chamado “O Lenço”, que musiquei de novo e me trouxe a ideia de fazer todo um Álbum de palavras que não eram minhas.
Assim, comecei a minha pesquisa pelos Poetas que me fizeram começar as escrever: Poetas antigos, também Poetas do Fado que tanto me moldou.
O desafio de desvendar emoções, de lhes dar sons, harmonias, novas roupagens... E para isto usar o espaço, a
captação descomprometida, o improviso, o instinto.
As gravações foram feitas na sua maioria em minha casa, com um, ou no máximo, dois microfones.
Convidei pessoas que admiro e músicos com quem gosto de tocar.
Sem ensaios, foi surgindo um dos projectos mais profundos que gravei, pela cumplicidade, pela naturalidade das participações, pela simpatia de quem me visitou.
Este álbum não é para ser gritado e vendido à porta das pessoas. É um álbum discreto, sereno, como um segredo.
Tiago Na Toca
Nasceu depois a ideia de fazer um CD / Livro que materializasse o projecto de forma especial.
Conheci, então algures por Lisboa, o Mário Belém cujo trabalho me fascinou e que acabei por convidar para entrar nesta aventura. Juntos fomos percebendo de que forma poderia ser feito este objecto, fomos visitar alfarrabistas, fui buscar edições antigas de livros de poemas que tinha cá por casa. Tudo o resto foi o Mário e todo o seu talento. Podem saber mais sobre o seu processo criativo no site dele que vos convido desde já a visitar (www.mariobelem.com).
O Tiago na Toca deixou de ser apenas um álbum de música e passou a ser um objecto único, limitado, especial.
Recebi ontem as primeiras edições e fiquei comovido com cada pormenor: desde o papel, ao toque, ao cheiro, desde as ilustrações até ao pequeno envelope que contém o CD, tudo perfeito.
Cada poema está acompanhado de um texto escrito por mim com o relato de cada gravação.
O meu pai escreveu um prefácio.
Este projecto é fruto da simpatia, dedicação e inspiração de muita gente e a todos estou grato.
Assim, dois anos e tal depois da data prevista, o disco ficou pronto.
Espero que gostem, espero que queiram este Tiago na Toca e os Poetas em vossa casa.
Dia 19 de Dezembro está em exclusivo nas lojas FNAC!
Todo o lucro das vendas irá reverter para a Associação Ajuda-me a Ajudar http://ajudameaajudar.org/
A toca fica oca se não sopra ou respira
A faca já não corta se ninguém a afia
O leme fica perro
Se o rumo não desprende a saída é um erro
Na toca o principio nem existe
Cá dentro há gigantes que nos regem como risos q não fingem
É eufórica a alegria
E de sangue a agonia
Porque também se pode querer no que há do outro lado
E é sempre credível um conceito credível
Onde a mão é mais quadrada
E a mensagem estudada e mais limpa do ruído -- como aquelas fotografias onde estamos bem vestidos…
Mas eu gosto do ruído
Eu quero do ruído outras coisas que viajam
Que são espelho do que somos
Como forças à deriva
Que não prendem ou controlam
E são ventos sem vontade...
… mas que não param.
Eu quero a parte fraca
Porque é nela que nos vemos
Desafio a parte forte
Para agarrar no mundo
Quero o medo da coragem
E a coragem de ter medo
Tenho um corte que desvenda
Quero o fruto que se colhe
Pode ser anjo
Ou demónio
Mas na toca não se escolhe
Tiago Bettencourt
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