Que escrever sobre os Birds Are Indie sem cair na tentação de ser repetitivo? Tarefa difícil, mas a que o escriba se atira de corpo e alma, pois este disco merece toda a nossa atenção.
A primeira verdade que se conhece sobre este duo de apaixonados, e foram eles que fizeram o favor de o dizer, é que são não músicos. O que à partida poderia ser um entrave em termos criativos, torna-se a grande arma de combate dos Birds Are Indie. Passo a explicar. Sem grandes pretensiosismo, eles atiram-se de corpo e alma à feitura de canções de uma forma tão desprendida que encanta. Tudo lhes sai do coração. Não querem criar temas demasiado arquitectados. Dentro de seu saber fazer, oferecem-nos canções tão simples que nos encantam por isso mesmo. E quando o pássaro deixar de ser indie desta maneira, garanto que morrerá. Um bicho que chilreia melodias pop, misturando-as com alguma folk, criando canções onde a acústica é uma certeza.
No entanto, convém frisar que desde o começo a banda tem vindo a acumular diferentes experiências e que a rodagem de estúdio e palco tem dado algum calo. E isso reflecte-se de disco para disco onde a maneira de criar e registar ganha outras cores. Sem perderem a sua candura, o duo vai adquirindo outras assas para voar. Quanto mais não seja, apenas pelo facto de aqui e ali juntarem alguns instrumentos novos à sua arte de criar.
Depois de três EP’s eles chegam com toda a justeza a um disco maior. Um disco onde Henrique Toscano volta a fazer parte da equipa. Ele é o terceiro pássaro, peça fulcral a registar e produzir. E como em equipa que ganha não se deve mexer, Francisca Moreira volta a ser a responsável pelas fotos da banda. De salientar a participação de Erica Buttner, no banjo, na faixa “Evelyn”.
Deste disco, de 12 temas, que acaba com um instrumental, podemos dizer que apesar dos sons mais intimistas que se misturam com ourtos mais coloridos, a coerência e homogeneidade estão sempre presentes.
De notar que aqui, é Ricardo Jerónimo quem pega nos remos e faz o barco andar para a frente. Tem um peso muito grande em toda esta engrenagem. Mas como ao lado de um grande e alto homem está sempre uma mulher, Joana aparece para dar o sustento certo a este registo, brilhando no lindíssimo tema “ Black Sun”. Mas ela esta sempre presente, fazendo notar que os Birds Are Indie são dois. E a dois escrevem uma das mais lindas canções de amor que ouvi nos últimos tempos, denominada “A Bad Hair Day”. E é a Joana que cria a bela capa que tão bem veste este registo.
Que dizer mais? Apenas que este disco é um encanto. Que nos aconchega a alma pela sua singeleza. Que tem o sabor do algodão doce comprado numa feira popular depois de mais uma volta no carrossel.
Se o mundo fosse feito de romances como este bem melhor nós estaríamos com certeza. Por isso peguem neste disco, carreguem no play, subam o volume e cantem com eles.
Nuno Ávila

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