Desde 1999 que o açoriano Luís Couto tem tido um intenso trabalho criativo com o projecto Joy Of Nature. Primeiramente conhecido como Joy Of Nature And Discipline, em 2006 encurtou o nome para o actual. Desde o seu nascimento que o projecto tem trazido à estampa trabalhos de uma qualidade invulgar. Registos esteticamente poderosos.
Joy Of Nature é um projecto que engloba sonoridades vindas do folk, do pós rock, do ambiente e da música clássica. O resultado final fica muito próximo do dark folk que conhecemos de grupos como Current 93 ou Death in June. Aliás Luís Couto não nega o seu amor por estes dois artistas - David Tibet e Douglas P.
Este disco marca o fim de um período criativo de 14 anos em que os processos de criação se confundiram de uma forma muito própria - escreve o músico no press de apresentação. Mas como se constata pelo título do registo este trabalho ainda não está terminado. Felizmente para nós ouvintes…
Este é um disco mais solarengo, que os da trilogia “The Empty Circle”. Fala de “como a vida pode ser encarada como um sonho dentro de um sonho, de como tudo flui e passa”.
Iniciado logo a seguir à edição de “A Evasão das Fadas” este registo conta com as colaborações de Rui Almeida (Massa, Última, - música e grafismo), GrMATEO (Igniis - musico que já colaborou com Joy Of Nature), Mara Neves (que já partilhou com Luís os aquarelle), Helena Ferreira e Ricardo Farias.
Musicalmente rico, “My Work Is Not Yet Done” é um disco que requer de nós uma disposição total no momento da audição. São canções feitas de vários pedaços de arte que se interligam na perfeição. Temas com arranjos magníficos, onde a experimentação está sempre presente. Uma forma criativa que usada na medida certa não faz nascerem temas demasiado estranhos. Só possível mesmo para quem faz da criação uma sublime forme de entrega, tornando cada nota numa pérola que brilha
Contudo, este é um trabalho feito para ouvidos experimentados. Por isso se calhar impenetrável para alguns. Mas acreditem que vale a pena tentar furar por entre esta paisagem sonora. Será para muitos uma experiência que deixará marcas futuras. Boas… marcas…
Como alguns daqueles que venera, também Joy of Nature se deixa absorver por um som tradicional mais obscuro. A tradição é uma fonte inesgotável de influência. Tal como já haviam feito os Current 93, também Joy Of Nature recria a canção tradicional “All The Pretty Little Horses”. Um dos momentos maiores deste registo ao lado de “No Cambiaras Lo Que No Puedes Cambiar“. Mas amigos, apesar de ter destacado estes dois temas, a verdade é que este é um disco inteiro. Linear. Sem pontos de menor interesse.
The Joy Of Nature é um projecto já com vários anos de vida, como se disse, se calhar mais reconhecido lá fora do por estas paragens. Ainda não é tarde para invertermos este sentido de marcha, porque por aqui não existem muitos a criar assim.
E uma certeza temos: este trabalho ainda está incompleto. Por isso novos registo se esperam. Sons para nos confortarem a alma.
Nuno Ávila

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