A Mulata ergueu, lentamente, o lânguido corpo daquela cama que a fazia sentir como se estivesse a mergulhar no mar. Olhou através da janela aberta sobre a Côte d'Azur e vislumbrou sombras que se assemelhavam a personagens de filmes.
Deixou deslizar o negro vestido de setim pelo corpo abaixo, pintou os carnudos lábios de vermelho mortal, deixou os pés escorregarem por aqueles sapatos com um salto que faziam lembrar uma lança e arrastou o corpo pela porta do quarto daquele hotel onde habitavam fantasmas de estrelas de cinema.
Entrou na limusine que a esperava e bebeu um copo do melhor champagne enquanto deixava os olhos vaguearem por aqueles elegantes corpos que deslizavam pela Promenade de la Croisette.
As portas daquele decrépito cinema abriram-se, fechou os olhos e dançou ao som daquelas duas almas perdidas que tocavam músicas vindas de um país no sul, bem no fim daquele velho continente."
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