NACO é o projecto de Miguel Ramos. Miguel Ramos é o senhor de muitos e variadíssimos projectos. Assim à primeira se calhar não estão a ver quem é. Mas se eu vos disser que é o senhor dos Mosh, Supernada, Mesa, Torto, Jorge Palma e Andrew Thorn, conseguem já ver de quem vos falo.
NACO é o seu projecto pessoal. Um local onde Miguel decidiu fazer diferente de todos os outros onde toca. Ao longo de quatro anos foi escrevendo algumas canções. Pegou em alguns suspeitos do costume, amigos de longa data, e com eles registou as 26 “canções” que fazem parte deste livro-disco.
Podemos dizer que este conjunto de instrumentais funciona como uma banda sonora de um filme imaginário. Canções de muitas e variadas influências. São nacos de som que bebem do blues, da pop, do rock, da experimentação. Buscam em sítios muito diferentes, energia, sem perderem coerência.
Neste disco encontramos algumas excelentes canções. O que acontece é que no meio de tantas outras elas por vezes ficam diluídas. Tinha o disco a ganhar, e tínhamos nós, se o Miguel tivesse feito uma colheita mais rigorosa da sua obra. Se tal tivesse acontecido estaríamos perante um disco sublime. Assim estamos apenas perante um bom disco, que corre o risco de nunca ser ouvido todo de seguida por causa do seu tamanho. Isto apesar de termos aqui temas muito curtinhos.
Cabe agora a cada um fazer o exercício de escolher as melhores canções e construir o seu próprio filme, desfolhando o livro e contemplando os desenhos feitos pelo Miguel.
Não deixem é de escutar este registo, porque estão aqui de facto algumas canções mesmo muito boas. Seria uma pena que elas se perdessem no meio de tantas outras.
Nuno Ávila
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