A escolha de uma canção para single nem sempre é fácil e consensual. Opta-se normalmente pelo tema mais orelhudo, aquele que de caras as rádios pegarão para rodar nos seus programas. De certeza que foi nisso que As 3 Marias pensaram ao escolher “Maryjoana” para apresentar este disco. Uma canção com uma veia mais humorística, que conta com a participação de Alberto Almeida o senhor dos Cabaret Fortuna.
Apesar de esta ser uma boa canção, não mostra o que o restante do disco é. É um tema que fica e até se canta, mas que não nos deixa antever a riqueza do disco que estas 3 meninas nos oferecem. “Bipolar” é um disco profundo e sentido, construído à volta de uma guitarra acústica, um violino e um acordeão.
As 3 Marias partem do tango, ingrediente maior das suas canções. Uma música que vai beber quase tudo do que tem a Astor Piazzolla, do qual nos oferecem a versão de “Libertango“. Aqui e ali, até pela forma de cantar de Cristina Bacelar, As 3 Marias, chegam a aproximar-se do fado. Afinal de contas estes são dois géneros que se cruzam muito bem.
Fazendo um ping pong entre instrumentais e temas cantados, As 3 Marias, trazem até nós um disco bastante linear. Um disco saído do coração, e pronto a entrar no nosso coração.
Por isso, nada de ficarem com a impressão de que este é um disco de muitas cores. “Maryjuana” é de facto uma faixa alegre, mas no restante este é um disco sofrido. Belo e sofrido. O tango quer-se assim, e é assim na maioria das suas canções…
Nuno Ávila
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