segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Filho da Mãe - “Cabeça” (O Espaço do Tempo/Cultura Fnac)


















Conhecemos Rui Carvalho como guitarrista dos If Lucy Fell, agarrado a uma guitarra eléctrica a debitar muitos decibéis. Alguns anos mais tarde ouvimos falar que se ia aventurar num projecto só seu. Ele e uma guitarra. Qual não foi o nosso espanto quando escutamos “Palácio” o primeiro disco de Filho da Mãe. Rui já não estava ligado à corrente. Munido de uma guitarra acústica oferece-nos um registo delicioso, onde esculpe minuciosamente sons na sua guitarra acústica.
Sem perder o fio à meada, eis que vê agora a luz do dia “Cabeça“, um disco onde Rui Carvalho volta a soltar o seu enorme talento. Um registo onde o músico dedilha a sua guitarra com enorme mestria, em temas carregados de enorme beleza e intensidade. Sons que passam, como o próprio afirma,  pelo clássico, o blues, a música portuguesa e o rock.
Ao lado de Norberto Lobo, Filho da Mãe  tem sido um dos artistas que mais se tem destacado no uso da guitarra acústica. Se o primeiro tem nos tempos mais recentes enveredado por caminhos experimentais, o segundo continua a fazer um uso mais clássico do instrumento. Por isso existe espaço para os dois respirarem e brilharem.
“Cabeça”  é  um disco de génio, oferecido por um génio, que trata a guitarra por tu. Um registo poderoso, que não perde o fôlego da primeira à ultima nota.  Um disco inteiro que nos enche a alma, e nos dá muito prazer ouvir. É arrepiante por vezes escutar a forma como Rui passa as mão pelas cordas da sua guitarra. Chega quase  a ser inumano (no bom sentido, claro!)  a  maneira como em alguns instantes as mãos deslizam na guitarra. I
Se este, é um disco que nos dá a volta à cabeça? Claro que sim! E a cabeça reage e manda um sinal ao dedo, para novamente  o colocarmos em marcha. E lá entramos nós de novo, neste carrossel prontos para mais uma viagem.

Nuno Ávila

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