segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Sid Suicide - “Voltar” (CNDC)



















O negro como pano de fundo. Uma nostalgia que nos invade o corpo. Uma música que quase abre feridas em nós. Que transporta uma dor que é tão nossa. Tão portuguesa. Canções que carregam ao colo um fado que conhecemos de cor.
A língua ajuda, é a nossa. Fala-se aqui de saudade, de voltar, do estar para além das marés e do desconforto que isso pode criar, e o silêncio que isso causa em nós. Este disco chegou-nos num envelope vindo de Londres. Veio de alguém que está longe da sua terra, que busca glória noutras paragens, que busca novas alianças.
Este é um som que tem muito de gótico, que se identifica com as notas soltas por exemplo por uns Fields of the Nephilim Mas como se disse, estas são canções com alma lusitana. Que sem medo se “comparam” pelo seu autor a uns Heróis do Mar, Ermo ou Sétima Legião. São temas que nos molham com salpicos de pós-punk e gotas de gótico.
São temas dolentes, com uma voz arrastada, que nos passam rente ao corpo. Que nos deixam prostrados. Um som que apesar de tudo nos aquece a alma, nestes dias mais frios e chuvosos. Um som que apesar de tudo, no actual momento por que passa a nossa musica, e tirando como se disse o caso dos Ermos, tem poucos espelhos de comparação. Mas é um som que sabe ir ao passado beber o que de melhor se fez.
“Voltar” é um disco que merece ser descoberto e escutado com atenção. Tem uma alma que é só nossa. É um excelente auto-retraro deste nosso Portugal.
 
Nuno Ávila

Sem comentários: