sexta-feira, 13 de maio de 2016

LUÍS LOPES TOCA CANÇÕES DE AMOR













Parece uma piada mas é mesmo verdade. O guitarrista Luís Lopes apresenta no próximo dia 18 de Maio, no Teatro Maria Matos, o seu novo disco Love Song a sair pela Shhpuma (exclusivo em LP), uma música íntima de cadência melódica e melancólica de grande beleza e profundidade. Esqueçam tudo aquilo que ouviram do Luís Lopes até à data.

"Há duas imagens muito fortes que nos aparecem quando pensamos nos solos de Luís Lopes. A primeira, menos óbvia e meramente ilustrativa, coloca o músico numa espécie de luta sem tréguas com a sua guitarra e amplificador, um duelo físico e contorcionista em que o seu corpo ondula como que conduzindo parte da eletricidade que se ouve. A segunda, mais evidente, atinge-nos demolidoramente, como se um soldado noise, de munições invisíveis, nos assaltasse sem piedade. Em janeiro de 2015, no seu quarto, Luís Lopes formalizou sozinho uma outra ligação à sua guitarra, servindo-se dela para carpir algumas das mágoas de uma recente separação amorosa. Da dor nasceu um lamento arrebatador, feito a uma só voz, em jeito de confissão, criando um manto melancólico que suspende as notas na atmosfera como gotas, fazendo-as vibrar de emoção enquanto caem em lenta cadência. Uma vibração de amor cristalino, onde se sente uma verdade no ar, transparente e honesta, que se partilha connosco num gesto de absoluta generosidade. Love Song é um salto de fé, feito de intuição e composição espontânea, onde cada nota e acorde se interligam com os seguintes de modo miraculoso, empurrados para seguirem um caminho que só o coração sabe indicar. Love Song é um momento ímpar na produção jazz de Luís Lopes, e também um ponto de alta incandescência na discografia nacional; e é um absoluto privilégio sermos convidados a escutar de bem perto o batimento da sua guitarra. Raramente o adjetivo íntimo serviu tão bem um concerto." (Pedro Santos)
 
Se à frente de um grupo (assim é com o Humanization 4tet e com o Lisbon-Berlin Trio) Luís Lopestem o condão de nos encher as medidas no cumprimento do que é suposto encontrarmos num contextode filiação jazzística, ou seja, garantir a cadência (a pulsação rítmica) e a expressão (aquilo que conduz, mais do que tudo, uma improvisação), já os solos do guitarrista libertam-se desses parâmetros de condução para procurarem outras coisas. No caso do projecto Noise Solo já sabemos do seu gosto pela implosão da própria musicalidade, preferindo com que seja a electricidade a soar tal como é, suja, crepitante, excessiva, desnorteada, violenta, obliterante dos sentidos. Não é que deixe de haver cadência e expressão, mas estas tornam-se tão espessas, tão desmesuradas, que o vermelho se torna negro. Agora, surge um lado desconhecido do músico, um Luís Lopes suave, meditativo, melancólico e de um despojamento e uma vulnerabilidade que comovem. Um Luís Lopes tomado pelos enleios do amor. Tem-se por certo que do outro lado de Thanatos, a compulsão destrutiva, está Eros, o instinto da languidez, e “Love Song” é isso mesmo, música erótica, música marcada pelo desejo e pelo afecto. Em certa ocasião, depois de um concerto particularmente enérgico, Lopes foi criticado por uma rapariga do público porque, segundo ela, fora demasiado «masculino» a tocar. Pois este é um disco feminino, fazendo da fragilidade com que cada corda é acariciada a sua imensa força, uma outra força, tão titilante aos nossos ouvidos, ou mais, do que os “feedbacks” agressivos que lhe conhecemos. Preparem-se para ficar surpreendidos.

22h00 - 6€ a 12€ • M/6 (SALA PRINCIPAL COM BANCADA)

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