quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

MEDEIROS /LUCAS COM NOVO DISCO EM MARÇO




















Chega às lojas a 16 de Março o novo disco de Medeiros/Lucas. Sol de Março encerra a triologia iniciada com Mar Aberto (2015) e Terra do Corpo (2016) e terá selo Lovers & Lollypops. As novas canções brincam com as relações entre a luz e a sombra, mantendo o tom melancólico e de balada em temas como Podre Poder, o primeiro avanço lançado em final do ano passado, mas abrindo caminho a novas paisagens mais luminosas e festivas. Exemplo disso o segundo single Elena Poena a ser lançado no final de Fevereiro, que nos mostra novos espaços de maior desafogamento e simplicidade. Os novos caminhos fazem-se conduzidos pela voz de Medeiros que nos mostra agora novas facetas, com melodias mais vincadas e com maior alcance. As letras, essas, continuam a ter como autor o escritor açoriano João Pedro Porto.

Para além de Porto na ficha técnica Sol de Março repetem-se os nomes que construíram esta triologia – Augusto Macedo (baixo, teclas) e Ian Carlo Mendoza (bateria, percussão) já são parte fixa da banda, o Golden Pony de Eduardo Vinhas é o espaço de gravação e misturas, a masterização é feita em Montreal por Harris Newman e as imagens do disco são criadas pelo artista plástico Tiago Bom.

Na lista de novas colaborações destaca-se o papel do músico vimaranense Rui Souza que gravou a maior parte das teclas do disco e que já vem acompanhando Medeiros/Lucas em concerto por algumas vezes, assim como a presença pontual de outros nomes mais ligados ao jazz: Antoine Gilleron (trompete), Gonçalo Santos (bateria), João Hasselberg (contra-baixo) e Tine Grgurevic (Fender Rhodes).

Sol de Março terá edição em vinil, CD (digipack) e nas plataformas digitais.

Chegados a terra prometida, navegadores ladeados da arte que os dias dizem ser de sobrevivência, puseram o seu tamanho de jeito às grandes descrições do mundo da palavra e da canção. Sol De Março é a chegada à pedra em grande viagem homérica, do homem que se observa enquanto percorre descobrindo, enquanto se descobre percorrendo lado algum.

Pedro Lucas, Carlos Medeiros e João Pedro Porto decifram o lugar paúlico da matéria humana a que a música sempre cose nas suas vestes. Percorrem-nos aqui,à escritura, composição e dizer - cada qual seus sentidos - a função de inflação de novos territórios sonoros. Eles e todos os cúmplices com lugar mais ou menos residente na sua música. Às canções decididas à fantasia serviram as pequenas ruas das ilhas, vendo cumpridos os territórios da metáfora mais ampliada, e servindo também a amizade para tudo o que é audível deste tríptico que aqui se vê finalizado na sua terceira e última parte.

Já do Mar se tocou o Corpo, se pôs à vontade a Terra para responder ao alude dessa montanhosa obra que já leva vinte e uma canções dos dois anteriores discos. Chegam agora, de soma, à residência Medeiros/Lucas mais doze para nos inverter a matemática do absoluto deste ou daquele dizer. Estão em lugares distintos, sobrenadam aos ouvidos novas entradas de colaboração, novas vozes e formas de estilizar o verbo à espessura de canções com evidências mais contistas, históricas e mitológicas.

Sol De Março, vendo realizada tarefa de promessa trágica, chega mais à frente a voz para, agora, mais do que em nenhum tempo, marcar a negrito a tradição oral; empurrar ao génio do popular o bailado de Elena (personagem de ficção que respeita o lugar camusiano do mito de Sísifo); dar músculo vulcânico ao fado toado para, depois, servi-lo de intenções mais vistosas do r&b e mexer nos ponteiros, apontá-los à frente e atrás, usando as leis discípulas dos grandes lugares do saber universal como retrovisor. A ilha desta casa sempre nos deu a grande fortuna da imensidão. Espreite-se de fronte este Sol de Março que agora chega.

Tiago Ribeiro, Antena 3

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