O MIMO Festival arrancou no Brasil, no passado fim-de-semana, estreando-se em São Paulo, após 15 anos de história e presença em outras cidades.
A abrir a edição de 2019, a portuguesa Marta Pereira da Costa - primeira e única guitarrista profissional de Fado a nível mundial - abriu o Fórum de Ideias, no Sesc 24 de Maio, e, perante uma plateia de fãs curiosos, falou sobre o feminismo na música instrumental e afirmou ter vontade de tocar com Hamilton de Holanda. Ao entardecer, emocionou a plateia que assistiu ao seu primeiro concerto no Theatro Municipal de São Paulo, onde teve honras de abertura. A plateia estava calorosa e Marta Pereira da Costa comprovou que para a arte não existem fronteiras. No domingo, 24, a guitarrista voltou a actuar, desta vez no Sesc Santos.
"Há dois anos toquei no MIMO em Amarante e fiquei com muita vontade de vir ao MIMO no Brasil. Abri a nova edição em São Paulo, num teatro lindíssimo e correu muito bem. O público brasileiro é caloroso e carinhoso. Voltei a tocar, um dia depois, no Sesc Santos, uma sala grande com óptimas condições e fui super bem recebida. Terminei o concerto com o 'Carinhoso' e a plateia cantou toda. Foi muito bonito", conta Marta Pereira da Costa que aproveitou para assistir a outros concertos e participar nos Fórum de Ideias e workshops do festival. "Este festival é especial, tem espectadores fiéis. Sinto-me também parte do público, tenho participado em várias propostas do programa. Tive oportunidade de assistir ao concerto do Hamilton de Holanda e de o conhecer. Ele desafiou-se para participar do show dele no Rio. Já estamos a preparar essa 'canjinha", como eles dizem", adiantou. Esta participação acontece na próxima sexta-feira, dia 29, após o concerto de Marta Pereira da Costa no Parque das Ruínas, no Rio de Janeiro.
Quem também foi representar Portugal no MIMO Brasil foi Chico da Tina, vencedor da 1.ª edição portuguesa do Prémio MIMO de Música, que se realizou em Julho. O músico de Viana do Castelo actuou no MIMO Festival Amarante e estreou-se no Brasil no passado sábado, 23, na Praça das Artes em São Paulo. Ao vivo, mostrou que nem só de fado vivem os portugueses e desafiou, ao seu jeito, os limites do politicamente correto com o corajoso e original atrevimento lírico nas suas canções. Agora que usufruiu do prémio de actuar no Brasil, Chico da Tina partilha que vai ficar por lá uma temporada. E explica: "Estes últimos tempos em Portugal foram difíceis porque estive a fazer o meu álbum e fui alvo de uma campanha difamatória contra o meu bom nome. Vi-me obrigado a refugiar num estúdio secreto na Figueira da Foz após duas tentativas de envenenamento em plena luz do dia. A vinda para o Brasil, no contexto do Festival MIMO, veio em boa hora pois permitiu-me romper com esse ciclo persecutório de que estava sendo alvo. Fui muito bem recebido e senti que as pessoas realmente me queriam ajudar. Actualmente fala-se muito na questão da insegurança que se vive no Brasil... eu não senti nada disso. Insegurança senti-a em Portugal, motivo pelo qual estarei ausente dos palcos e da Europa por tempo indeterminado. A minha dívida para com o Festival MIMO e as pessoas que o fazem (não obstante as tremendas dificuldades passadas esse ano) é enorme. Um bem haja."
Depois de São Paulo, o MIMO Festival instala-se no Rio de Janeiro, de 29 a 1 de Dezembro, com palcos na Fundição Progresso, Museu da República e Cinema Odeon. Além da portuguesa Marta Pereira da Costa, actuam Amadou & Mariam, Noura Mint Seymali, Hamilton de Holanda, Jards Macalé, entre outros.
Em 2020, o MIMO Festival regressa a Amarante, em datas a anunciar em breve.
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