Outrora embrenhado em projectos como O Verão Azul ou A Praia Grande, Almirante Ramos viu a vida a acontecer e está agora de volta para cantar a verdade que lhe escalda no miocárdio.
“Cinco canções”, um meio disco, nasce nestes tempos estranhos em que nos fechamos em casa, empalidecidos pelos nossos ecrãs e afogados no ruído do mundo que grita em todas as direcções.
As cinco canções de Almirante Ramos são o resultado de uma amálgama de boas companhias ao longo da vida: a óbvia e assumida Sétima Legião, mas também José Afonso e Scott Walker, Panda Bear, Luís Severo e muitos outros. Almirante escreveu, compôs e traçou o plano - o produtor Gagliardini Graça executou-o e deu-lhe forma instrumental. O resultado está aí.
“Tão Lindo (o Amor)”, “Dezembro”, “Volta” é pop entornada em Portugalidade espectral, sensibilidade hiper-romântica, música encharcada na palpitação dos corações amolgados enquanto os olhos embaciados recordam o tempo das sublimações. O que foi poderá não voltar a ser; mas importa celebrar essas forças que já buzinaram no peito - aqueles dias a galopar no furor indisciplinado do arrebatamento.
“Bandeira (Nação)” é feita de outra substância, folclore digital em congregação utópica, ventos que espalham o perfume da resiliência. “Aurora” volta a olhar pelo retrovisor das emoções, insinua a vitória da luz sobre as trevas.
É assim que estas “Cinco Canções” exaltam a vida a acontecer.
Almirante disse:
“Vou cantar acerca do amor, essa terra de bravos, vou cantar a minha pátria, o país onde nasci e aprendi a minha língua, vou cantar a chuva que precipitou o fim de um romance que se quebrou como um prato de porcelana fina à primeira brisa de Outono, vou cantar rondas e vocábulos, vou cantar o mais lindo dos sentimentos, a tristeza e a saudade, vou cantar a minha história e a vitória que anuncia uma nova aurora”.
Aqui está ele.
Abram-se todas as portas e estendam-se todas as estradas aos corações indomáveis.
Cristiano Saturno

Sem comentários:
Enviar um comentário