Chinaskee traz-nos, com Bochechas, o esperado sucessor de Malmequeres, de 2017. Com a queda dos “Camponeses” e a adoção do vermelho, veio uma nova banda, a quem Miguel Gomes gosta de chamar o seu lar de rock, habitado por Bernardo Ramos, Inês Matos e Ricardo Oliveira.
Em Bochechas, sentimo-nos a ir de frente com Chinaskee, sem o floreado inerente à psicodelia e aos teclados que nos deu no primeiro longa-duração. O processo também mudou: neste disco, Chinaskee (alter ego musical de Miguel Gomes) compôs sozinho, sem pressas e sem opiniões. A única pressa é a de querer fazer rock. Uma pressa com pés e cabeça, uma pressa de quem sabe o que quer e qual o seu destino.
Este disco fala de amor, canta sobre crescer e sobre os traumas de infância numa juvenilidade ingénua quase irónica e despreocupada, numa homenagem às guitarras e ao rock.
O primeiro dos 10 temas, Popular com Vaiapraia, é um choque frontal com Bochechas e um prenúncio de todo o disco. Mais à frente, encontramos outros temas com diversas participações - Mobília, que já conhecíamos, ganha um novo arranjo e é acompanhado por Primeira Dama; Edredom tem Bia Maria; e Dragões, Filipe Sambado.
A meio do disco, com o tema Bochechas, Chinaskee esmorece, pára para pensar e repensar o amor, como que para repor energias para o resto do álbum.
Essa carga energética é restituída até ao final do disco, altura em que Chinaskee nos segreda que, em miúdo, “Fantasiava sobre ser maior / Ter companhia / E ser o melhor / Tocar bateria, cantar sobre mim / Enfim / Saber letras de cor”. Será que, com Bochechas, finalmente conseguiu o que então almejava?
Bochechas foi produzido por Filipe Sambado, gravado nos Estúdios Namouche, misturado por Eduardo Vinhas e sai agora com selo Revolve.
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