Contra cortinas de veludo ouve-se, saídas de um piano vertical, as primeiras notas do segundo acto de Marco Franco nesse instrumento. Arcos dá-nos as boas vindas como uma brisa do Oriente temperado, na serena simplicidade e beleza intuitiva que os dedos de Marco Franco harmonizam.
Entre os 8 temas inclui-se uma reinterpretação de Takket, tema retirado do disco “Coração Pneumático” de Mikado Lab, autoria de Marco Franco, e também o tema Anecóica, de Norberto Lobo.
Arcos revela-nos uma abordagem nova de Marco Franco tanto na composição como no perfil sonoro, relativamente ao disco anterior.
Este disco foi gravado por Nuno Monteiro na Estrela, em Lisboa, num piano vertical com o tampo levantado, e captado muito próximo do mecanismo do piano. Marco experimentou aqui o uso da surdina, cuja função é abafar o som do piano. Resulta num som mais quente e íntimo, e ao mesmo tempo puro como as paisagens das suas composições.
Orognosia, título do primeiro tema, significa estudo e descrição dos processos de formação das montanhas, mas pode ser a observação do percurso “montanhoso” do artista autodidacta. E é um privilégio.
Com uma grande parte da carreira centrada na bateria, atravessando géneros do rock ao jazz e música livre improvisada, Marco Franco surpreendeu todos com o lançamento de Mudra (Revolve, 2017). O concerto de apresentação desse disco foi também a sua primeira performance ao piano. Mudra rapidamente colocou Marco Franco no painel de pianistas mais admirados.
Arcos é apresentado hoje, 14 de maio, na Culturgest.
CD disponível em pré-venda no Bandcamp

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